CULTURA

Estrutura precária limita acesso a espaços teatrais de Campo Grande

Teatros Aracy Balabanian, Glauce Rocha e Prosa do Sesc Horto estão fechados para reforma

Ethieny Karen, Thalia Zortéa e Thalya Godoy21/05/2019 - 20h31
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O público de Campo Grande perde espaços e grupos teatrais ficam sem opções para apresentar seus trabalhos. O Teatro Glauce Rocha está fechado para manutenção e realização da 71ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o Teatro Prosa do Sesc Horto inoperante desde o ano passado para reformas e o Teatro Aracy Balabanian fechado há três anos para melhorias do local.  No anfiteatro Manoel de Barros no Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo, que está em funcionamento, a última  restauração foi realizada em 2014.

Conforme mensagem encaminhada pela chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social e Científica (Secom) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Rose Pinheiro o Teatro Glauce Rocha terá melhorias na nave, camarim, sanitários e foyer, este o local onde o público aguarda o início das apresentações. A reforma atenderá às normas técnicas e a legislação pertinente, em especial no que se refere à segurança e prevenção a incêndio e pânico.

O anfiteatro Manoel de Barros no Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo, com capacidade de público para 1.045 lugares, completa 25 anos em maio deste ano. No espaço há assentos com forro desgastado e com manchas devido a goteira no teto e papel de parede descascado em alguns pontos do ambiente. Nos camarins, há infiltração no teto do banheiro e nas paredes.

O Teatro Aracy Balabanian está fechado desde maio de 2016 e aguarda aprovação do projeto de manutenção para início da reforma. Segundo a coordenadora do Centro Cultural José Octávio Guizzo, que abriga o teatro, Luciana Kreutzer as obras dependem da autorização da Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul). “Não tem previsão de quando vai ser esta reforma, mas parece que já ter um orçamento para isso. Então está nesta parte técnica e burocrática para dar andamento nisto”. 

Segundo Luciana Kreutzer, foi enviado o plano de ações para 2019 do Centro Cultural José Octávio Guizzo ao governo do estado que aguarda parecer da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz), responsável pelo repasse de verba. “Esse ano a gente não recebeu orçamento. Todos os eventos que estão acontecendo é por eu buscar parceiros, de dizer que o espaço está aberto e as pessoas virem procurar”. Em abril deste ano, o local recebeu mil visitantes entre as atividades realizadas, como oficinas, eventos, exposições e ensaios.

Segundo o diretor do Grupo Teatral Fulano Di Tal, Marcelo Leite há dificuldade para conseguir financiamento para produção de espetáculos teatrais na cidade. Conforme ele relata, os editais do governo federal para promoção destes eventos foram suspensos e os estaduais foram publicados há muito tempo. “Talvez agora com a nova gestão tenhamos algo de concreto, mas ainda estão tomando pé da situação para colocar tudo em dia, essa é a promessa. A prefeitura, por enquanto, é a única que tem um planejamento feito para cultura, através da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur) e dos editais do Fundo Municipal de Investimento Cultural (FMIC)”. Para Leite, a iniciativa privada tem maior interesse no patrocínio de espetáculos teatrais que são produzidos nos grandes centros com atores conhecidos

De acordo com o diretor, com o fechamento dos teatros Aracy Balabanian e Prosa SESC, que eram mais acessíveis pelo preço da locação e por localizarem-se no centro da cidade, as companhias teatrais criaram novos espaços para apresentações. Segundo ele, neste caso, há prejuízo para os grupos e, principalmente, para o público. “Perde muito mais a população que não tem acesso a cultura através de peças teatrais, espetáculos de dança e música, exposições, enfim, uma série de produtos culturais e que a população em geral poderia estar usufruindo, com acesso fácil e gratuito”.

O Circo do Mato é um grupo teatral que mistura teatro e circo, que possui espaço próprio e um teatro de bolso, com capacidade de 50 lugares, onde espetáculos e oficinas são ministradas. A produtora executiva do Circo do Mato, Laila Pulchério trabalha na produção de peças teatrais há 17 anos e ressalta que a população campo-grandense carece de espaços teatrais. “Tem locais que a gente vai, que só o teatro vindo até elas, que elas vão assistir. É uma ótima alternativa levar, desde que o espetáculo possa ser apresentado em espaços alternativos. A gente acaba fazendo todo trabalho de produção do espetáculo para espaços alternativos, porque a gente não pode contar mais com o teatro”.

Laila Pulchério afirma que o público visitante dos espaços teatrais na cidade é sempre o mesmo. “A população aprecia pouquíssimo, geralmente são os mesmos que frequentam esses ambientes de teatro e circo. A música é mais abrangente. O teatro é ao vivo, é diferente do cinema”.

O projeto Teatro a Campo Aberto, incentivado pela  Política de Fomento ao Teatro (Fomteatro), levou aos bairros periféricos de Campo Grande espetáculos teatrais e circenses. No ano passado, o Circo do Mato convidou vários grupos da cidade para participar da etapa de curtas-temporadas em Um Ciclo de Vida - Percursos e Percalços, onde grupos como o Ubu Grupo de Artes Cênicas e o Teatro Imaginário Maracangalha participaram. Para Laila Pulchério, o projeto foi um sucesso ao criar uma rotina de espetáculos. “É uma forma de atrair o público para cá, para frequentar. Isso surtiu um efeito, as pessoas começaram a ligar para saber o que teria de programação”.

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