As doações de livros
Duas malas com 89 livros de literatura e poesia doados foram disponibilizadas na escola parceira do projeto. Segundo o professor do curso de Artes Visuais da UFMS, Paulo Duarte Paes o número vai aumentar quando outros livros doados forem catalogados. “A ideia é que a gente tenha muitas malas rodando em vários bairros da periferia, ligando a poesia a uma crítica ao sistema que concentra riqueza, junto com a riqueza material, a riqueza espiritual”.
As malas também são doações
(Foto: Lorrayna Farias)
As doações são feitas no Sarau de Segunda, que acontece às segundas-feiras na Praça dos Imigrantes, no Bloco 8 da UFMS ou por intermédio da página do Facebook Grupo Coli$ão. Os responsáveis pelo projeto na escola fazem um registro do aluno e do livro emprestado e o prazo para devolver ou renovar o empréstimo é de 15 dias. Para Paes, o objetivo do projeto é que todos tenham acesso ao conhecimento e ele não fique concentrado em um lugar só. “A idéia é que o livro não seja uma propriedade, o livro tem que ser uma liberdade, então a pessoa usa, devolve e pega outro”.
O projeto
O acadêmico do curso de Artes Visuais da UFMS, integrante do Emancipação Humana, Nicholas Ferdinand explica que o projeto pretende atingir principalmente os alunos em situação de evasão escolar. O objetivo é aumentar a prática de leitura dos jovens, "que é pouco comum hoje em dia com a era digital e a falta de tempo em que vive a sociedade".
Segundo Ferdinand, o projeto e a prática de leitura de clássicos da literatura podem influenciar na formação pessoal dos alunos por levar conhecimento teórico a partir da universidade e mostrar que existem outras oportunidades além da que eles têm na comunidade. “Como a gente vai cobrar de um jovem ali da comunidade seguir um caminho que ele não conhece? As pessoas que são referência para eles estão ali dentro e as ações que são referência também estão. Então levar algo diferente e que eles nunca tiveram oportunidade de conhecer mais a fundo é importante”.
A escola
O diretor da Escola Estadual Lino Villachá, Olivio Mangolim explica que com a antiga gestão nenhum tipo de atividade era realizada em prol dos estudantes. Ele ressalta que agora a escola está sempre aberta a receber projetos que beneficiem os alunos e que possam mudar a antiga imagem.
Mangolim afirma que o aluno deve saber que é capaz de se tornar o que quiser e o projeto leva a eles essa possibilidade. Para o diretor, a leitura é a melhor forma de aprender. Ele destaca que um projeto realizado junto à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, que disponibilize livros da literatura clássica para um bairro periférico é muito importante para a formação desses jovens na sociedade e para a participação da comunidade com a escola, que prioriza o conhecimento.
O professor do curso de Artes Visuais da UFMS, Paulo Duarte Paes procurou a professora de História da escola, Karinne Martins Esteves para propor a realização do projeto. Ela e a professora de Matemática, Francielle Cristina Pereira dos Santos ressaltam a divulgação dos eventos e a forma de fazer os alunos se interessarem. Elas afirmam que os alunos duvidaram da veracidade do projeto, por não ter algo parecido antes e que o objetivo é fazer com que mais pessoas participem.
Para Karinne Esteves, o projeto é importante para "mostrar uma nova visão aos alunos no contexto em que vivem, que a leitura transforma e é símbolo de resistência". O projeto despertou interesse dos alunos e a escola pretende estendê-lo à comunidade.
As malas
Para Francielle dos Santos, a proposta dos livros disponibilizados em malas é poética. "É uma mala que te leva para outros lugares, para outros mundos, cheia de livros".