FEMINICÍDIO

Mato Grosso do Sul registra quatro novos casos de feminicídio em novembro

As denúncias de violência contra mulher acontecem com mais frequência entre 25 e 29 anos e com mulheres negras, e seus companheiros são os principais responsáveis pelos crimes

Ana Beatriz Leal, Gabriel Diniz, Mateus Adriano e Raíssa Rojas26/11/2024 - 11h37
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Mato Grosso do Sul registrou 30 feminicídios em 2024. Os últimos quatro casos aconteceram nos primeiros 17 dias de novembro. A capital registrou nove casos e superou o número de 2023, quando oito mulheres foram vítimas do crime. O último caso em Campo Grande ocorreu no dia 11 de novembro. A vítima foi uma mulher de 44 anos.

O estado é o sexto com maior índice de feminicídios no Brasil, com média de dois casos a cada 100 mil mulheres. O Ministério das Mulheres contabilizou, pelo canal Ligue 180, 1.214 denúncias de violência contra a mulher até julho de 2024. Mato Grosso do Sul apresentou um aumento de 27,25% em relação ao mesmo período em 2023.

Segundo a professora do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Katarini Miguel "o feminicídio é um problema estrutural da sociedade brasileira" e que o aumento de casos permanece. “Esse crime está diretamente ligado a uma sociedade patriarcal, que está pautada na dominância do homem sobre a mulher e na objetificação, enquanto essa mentalidade prevalecer, o homem continuará achando que tem o direito de cometer esse crime. O feminicídio é o tipo de violência mais brutal, e mesmo assim os números continuam alarmantes”.

 A delegada titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), Elaine Benicasa afirma que a prevenção é a principal maneira de evitar o crime de feminicídio. “Nós devemos prevenir e inibir as ações que antecedem o feminicídio, na maioria dos casos os autores do crime são abusivos, há uma relação abusiva, onde houve agressões, xingamentos, manipulações. Essa prevenção é diretamente ligada à informação, saber pelo que a mulher está passando e direcioná-la para a denúncia com o objetivo de evitar o feminicídio”.

A coordenadora do Núcleo Institucional da Cidadania da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Maíra Pacheco relata que as mulheres devem ficar atentas a sinais de alerta no relacionamento. “ A violência doméstica é composta por cinco ciclos, a física, psicológica, moral, sexual e patrimonial. A partir do momento em que se cria a confiança no parceiro, os momentos de início, que eram de afeto e romance, passam a ser discussões verbais e físicas, até culminar na prática do feminicídio, por isso a importância em perceber essas violências e denunciá-las”.

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