ABANDONO PARENTAL

Mato Grosso do Sul tem 725 crianças e adolescentes em situação de abandono parental

Campo Grande registra o maior índice de crianças e adolescentes acolhidos, cerca de 16% das crianças e adolescentes em abrigos e casas de acolhimento estão disponíveis para adoção

Brunna Paula, Heloisa Duim, Lucas Artur, Maurício Aguiar 1/09/2023 - 21h24
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Campo Grande registrou neste ano o maior índice de crianças e adolescentes acolhidos, com 175 indivíduos em abrigos e casas de acolhimento. Crianças de zero a três anos e adolescentes de 12 a 15 anos representam os principais grupos entre as crianças e adolescentes cadastrados no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento. Os abrigos da capital possuem 14 jovens aptos para adoção. 

Mato Grosso do Sul é o estado da região Centro-Oeste com o maior número de crianças e adolescentes registrados em abrigos e casas de acolhimento. O estado registra cerca de 700 crianças e adolescentes em situação de abandono parental. Crianças e adolescentes aptas para adoção representam 16% do total. 

Segundo a coordenadora de Imprensa do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, Marília Capellini Nascimento o acolhimento é uma medida excepcional que ocorre quando crianças e adolescentes estão em situação de risco junto aos seus familiares ou responsáveis. “O objetivo principal é tirá-las da situação de risco até que se consiga, pela aplicação das políticas públicas de assistência social, a reversão do quadro. Em alguns casos isso não é possível pelos variados motivos, como abandono, violência sexual, dependência química dos pais ou responsáveis, sendo necessária a colocação destes em famílias substitutas”. O Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento também disponibiliza dados referentes ao perfil dos jovens em todo o estado, características dos adotantes e a especifidade de crianças e adolescentes buscados.

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Infogram

Marília Capellini Nascimento explica que é necessário que ocorra o processo de destituição do poder familiar para que uma criança ou adolescente esteja apta para adoção. “Constatada a necessidade de destituição do poder familiar, o Ministério Público entra com o processo e, uma vez procedente, a criança ou adolescente é colocado para adoção. A depender da idade, também é perguntado se deseja ser colocado em outra família ou não”. Segundo Marília Nascimento, restituição da criança ou adolescente para o contexto familiar representa mais de 70% dos casos. 

De acordo com a coordenadora da organização não-governamental Casa da Criança Peniel, Márcia Ribeiro o acolhimento é uma medida tomada em situações consideradas extremas e que as instituições têm como objetivo trabalhar para reduzir o tempo que crianças e adolescentes ficam sob acolhimento. “A gente entende que o melhor para a criança é estar em família, quando não é possível a família biológica, que seja uma família substituta. Dependendo do processo ou do motivo que a criança foi acolhida, ela pode ficar uma semana, um mês, dois meses ou até um ano”. 

A coordenadora de Imprensa do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, Marília Nascimento aponta que os critérios utilizados pelos adotantes são um dos principais fatores que justificam o atraso de todo o trâmite necessário para a concretização dos processos de adoção. “Os pretendentes à adoção tem os mais variados desejos com relação ao filho que buscam. As crianças maiores, não-brancas, com deficiência e em grupos de irmãos, tem sua adoção preterida em razão de bebês recém nascidos, de olhos claros, sem deficiências, que são as preferências desses pretendentes”. 

A enfermeira Patrícia Cortez relata que aguardou dois anos para ingressar na Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento. A enfermeira afirma que recusou duas crianças com doenças que não são tratáveis antes de adotar um recém nascido sem complicações de saúde. “Recebi uma ligação dizendo que havia mais uma criança para conhecermos e a primeira pergunta que eu fiz para a assistente social foi ‘qual o problema dessa criança?’, ela disse nenhum e eu achei estranho. Quando chegamos ao centro obstétrico para conhecer a criança, nos colocaram dentro de uma sala e veio, pelos braços da enfermeira, o nosso filho”.

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