Mato Grosso do Sul registrou 239 focos de incêndios florestais no mês de agosto de 2023. O índice representa um decréscimo de 22% em relação ao mês de julho. O Pantanal foi o bioma que apresentou a maior redução no número de incêndios registrados, com 42%.
Mato Grosso do Sul registrou diminuição nos focos de incêndios florestais no mês de agosto em relação à média dos últimos dez anos. Os fatores climáticos, como o tempo seco e o baixo índice pluviométrico ocasionam maior incidência de focos de queimadas nos meses de agosto e setembro. Mato Grosso do Sul é o décimo-terceiro estado com o maior número de focos registrados em 2023, com 1.377 ocorrências.
Dados da plataforma BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, os incêndios florestais no estado diminuíram 23% nos oito primeiros meses deste ano, em comparação com os dados do monitoramento realizado no mesmo período do ano anterior. O tenente-coronel do Corpo de Bombeiros Militar e presidente do Comitê Interinstitucional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, Leonardo Congro aponta que o governo do Mato Grosso do Sul intensificou as estratégias de combate aos incêndios florestais após as queimadas no Pantanal que aconteceram em 2020 e 2021. “Desde 2021, o estado adotou o Plano Estadual de Manejo Integrado do Fogo como política pública para o enfrentamento dos incêndios florestais em todo o território. Esse plano criou diversos mecanismos que aprimoraram a governança estadual nas fases de prevenção, preparação, combate e responsabilização aos incêndios florestais, somado a um forte investimento em ações estruturantes”.
Congro indica que o fenômeno El Niño também contribui para a redução dos focos de queimadas, em virtude do aumento dos índices pluviométricos registrados na região Centro-Oeste. A coordenadora do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec) de Mato Grosso do Sul, Valesca Rodriguez Fernandes aponta que o clima influencia diretamente na incidência de queimadas florestais. “A temperatura, a umidade relativa do ar, o vento e a precipitação são as variáveis meteorológicas que contribuem para o aumento ou a redução dos incêndios florestais. O clima impõe mudanças gradativas nas características do material combustível e a força dos ventos influencia na velocidade de propagação e na direção do fogo”.
De acordo com o doutor em Geografia Física, Julio Cesar Gonçalves os incêndios florestais são fenômenos que acontecem naturalmente, e que ocorrência das queimadas são intensificadas pela ação humana. “O Cerrado e o Pantanal são biomas que estão acostumados a terem incêndios florestais, mas claro que naturais. Com os processos de uso do solo e com as atividades econômicas cada vez mais pressionando o Cerrado e o Pantanal, o homem também está impulsionando essas queimadas”.
Gonçalves destaca que a redução dos incêndios florestais geram impactos consideráveis na biodiversidade e na atividade agropecuária. “O proprietário rural que tem uma área queimada tem uma perda de solo ali, porque vai se decompor. Quando você tem uma queimada, as temperaturas do solo chegam a atingir mais de cem graus, isso mata toda a microfauna que habita naquele solo, como minhocas e microrganismos, isso tudo vai morrer. Mata a fauna maior, os animais de grande porte que estão em cima e mata também a microfauna”.