TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES

Tráfico de Animais Silvestres acontece em período de reprodução quando os animais estão vulneráveis

Traficantes aliciam moradores de assentamentos para que eles retirem os animais dos ninhos, a atividade está entre as mais lucrativas do crime no estado e o papagaio-verdadeiro é a espécie mais visada pelos criminosos

Ana Beatriz Leal, Gabriel Diniz, Mateus Adriano e Raíssa Rojas 3/09/2024 - 12h49
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O tráfico de animais silvestres é uma das atividades criminosas mais lucrativas no estado. Os animais são capturados em municípios do interior, como Ivinhema e Nova Andradina, e são enviados para os estados de São Paulo e Paraná. O Papagaio-verdadeiro é a espécie mais visada pelos criminosos. O Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras) recebeu 380 animais desta espécie que foram resgatados no ano passado.

O Cras recebeu 3.228 animais em 2023, número acima da média anual de 2.500. A instituição recebe animais atropelados em rodovias estaduais, entregues voluntariamente pela população e resgatados em operações de combate ao tráfico, que correspondem a 30% do total. A primavera é o período em que o centro recebe mais animais para reabilitação e maioria (70%) são aves.

Segundo o Coronel na Polícia Militar Ambiental (PMA), Ednilson Paulino Queiroz os traficantes aliciam moradores de assentamentos para que eles retirem os animais dos ninhos.  “Quando dá o número que o traficante encomendou, essa pessoa leva para ele, ou ele vai buscar. Então a gente faz o monitoramento dos ninhos, para evitar essa prática”. 

PRIMEIRA NOTÍCIA · Coronel da Polícia Militar Ambiental, Ednilson Queiroz, fala sobre a operação Bocaiúvas

O Serviço de Inteligência da PMA identifica pessoas que oferecem ou encomendam animais silvestres de maneira ilegal. A fiscalização será reforçada entre agosto e dezembro, quando acontece o período de reprodução desses animais e eles ficam mais vulneráveis. As ações visam impedir que os animais sejam retirados dos ninhos.

De acordo com a coordenadora do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres, Aline Duarte, proteger os ninhos é uma maneira de garantir o equilíbrio da fauna e a sobrevivência das espécies. “Quando os traficantes arrombam o ninho, geralmente eles destroem. E esses animais tem o costume de fazer a reprodução, montar o ninho, sempre no mesmo lugar. Então ele vai voltar lá e não terá nada”. 

Segundo o policial Federal Bozzio da Silva transportar ilegalmente animais silvestre resulta em prisão. "O autor pode assumir o compromisso de responder judicialmente pelo delito, ou será encaminhado para a polícia judiciária (PC ou PF). Essas instituições vão apurar o crime praticado e encaminhar os autos para o judiciário, quando ocorrerá a responsabilização criminal. Em alguns casos, os custos para a reabilitação do animal também são cobrados do autor”. 

O tráfico de animais silvestres prevê detenção de seis a um ano e multa, como consta na Lei 9.605/98 . A pena aumenta se o crime for cometido contra espécies em risco de extinção. A multa alterna entre R$500,00 e R$5.000,00 

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