O aplicativo de mobilidade urbana “Todos no Ônibus” foi desenvolvido para auxiliar na acessibilidade de pessoas com deficiência visual no uso do transporte coletivo em Campo Grande. A ferramenta será lançada no dia 11 de maio e atenderá, aproximadamente, 500 usuários cadastrados pelo Consórcio Guaicurus. Em maio de 2016, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPE-MS) instaurou um procedimento investigativo com o objetivo de apurar o atraso da Prefeitura Municipal de Campo Grande (PMCG) em disponibilizar o aplicativo, criado pela Agência Municipal de Tecnologia da Informação e Inovação (Agetec), Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) e Consórcio Guaicurus.
Segundo o censo demográfico do Brasil de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a deficiência visual afeta 16,72% da população de Mato Grosso do Sul com 2,4 milhões de habitantes. Campo Grande tem 16,5% da população com deficiência visual e é a 23ª capital no ranking nacional.
(Foto: Adrian Albuquerque)
De acordo com aposentado e associado do Instituto Sul-Mato-Grossense para Cegos Florivaldo Vargas (ISMAC), Valdir Lustosa a maior dificuldade enfrentada pelos usuários do transporte coletivo com deficiência visual é a falta de segurança ao embarcar e desembarcar do ônibus. “Dependo, praticamente, 100% das pessoas ou da boa vontade dos motoristas para falar o nome e número da linha, perguntar se vou embarcar. As pessoas até se dispõem a me avisar quando o meu ônibus passar, mas, na maioria das vezes, elas vão embora primeiro e eu fico sem saber. Aconteceu também de me embarcarem em um ônibus errado e, com isso, perdi muito compromisso, chegava atrasado nos lugares. Eu entendo que no dia a dia de cada um existem as correrias e preocupações, mas acho que falta um pouco de sensibilidade”.
Lustosa foi um dos quatro voluntários selecionados para a fase de testes do aplicativo, que durou cerca de sete meses, de setembro de 2017 a abril deste ano. O aposentado afirma que, durante esse período, foi possível perceber algumas funcionalidades desnecessárias e falhas no aplicativo. “A princípio, demos os nomes das linhas do local onde moramos e, a partir de então, começamos a acionar, apontar as falhas e os acertos. De lá para cá, houve muitas falhas, mas foram sanadas. O essencial para nós é a solicitação do embarque especial, que lutamos tanto e conseguimos, enfim, em tempo real. Muitas vezes, solicitávamos o embarque especial, mas o horário não batia com o da linha cadastrada, então isso complicou bastante. Além disso, saímos a campo para diferenciar o uso da ferramenta de uma linha para outra, testar uma da região onde morava, outra na rodoviária e outras aqui perto do ISMAC”.