MEIO AMBIENTE

Campo Grande fica coberta por fumaça oriunda de queimadas na Amazônia

Fenômeno climático é ocasionado pela localização da capital no corredor da fumaça e pela mudança da direção dos ventos, Campo Grande foi a quinta capital com a pior qualidade do ar entre as 26 capitais

Felipe Machado, Fernanda Sá, Geovanna Bortolli e Maria Gabriela Arcanjo13/09/2024 - 09h19
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Fumaça causada por queimadas no Pantanal e na Amazônia atingiu Campo Grande nesta última semana. O fenômeno climático é ocasionado pela localização da capital no corredor da fumaça e pela mudança da direção dos ventos. O período de seca prolongada no estado é outro fator que influencia na propagação dos incêndios, comumente registrados em Mato Grosso do Sul entre os meses de agosto a outubro, que contribui para aumentar a quantidade de fumaça.

O qualidade do ar em Campo Grande está 18 vezes mais poluído do que os índices recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O ar na capital registrou índices baixos em decorrência do acúmulo de partículas poluentes das queimadas. A capital ficou 83 dias sem chuva nos últimos três meses. 

Dados da IQAir divulgados pela Folha de São Paulo revelam que, no dia 12, Campo Grande foi a quinta capital com a pior qualidade do ar entre as 26 capitais do BrasilMato Grosso do Sul  excedeu o estado de São Paulo entre os estados mais afetados pela presença de fumaça de queimadas. A Secretaria de Educação (SED) suspendeu as aulas na sexta-feira, dia 13 setembro nas cidades de Corumbá e Ladário, por causa da intensidade da fumaça das queimadas no Pantanal.

Segundo o coordenador da Estação de Monitoramento da Qualidade do Ar (EMQAR) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Widinei Alves Fernandes “a condição da qualidade do ar hoje é a pior que estamos enfrentando. Estamos medindo concentrações do PM 2,5 acima de 110ug/m3. Quando a qualidade do ar está boa os valores são inferiores a 10ug/m3”.  Campo Grande registrou sua pior qualidade do ar no ano na sexta-feira, dia 13, com 136ug/m³. Widinei Alves explica que o período seco entre junho e outubro apresenta uma piora na qualidade do ar, "que, ainda assim, é classificada como boa mesmo nessa época do ano, porém as queimadas mudam esse cenário". 

A meteorologista Valesca Fernandes comenta que a fumaça proveniente de queimadas influencia no aumento da temperatura registrada na capital. “A presença de partículas e poluentes na atmosfera pode alterar a absorção e reflexão da luz solar, levando a um efeito de aquecimento local. Além disso, a fumaça pode contribuir para a formação de nuvens, o que pode impactar o clima e a temperatura ao longo do tempo".

O pneumologista Ronaldo Queiroz afirma que as queimadas causam danos à saúde e ao meio ambiente. “A fumaça das queimadas, tanto urbanas como rurais, associadas ao clima seco, o tempo quente e os poluentes do ar atmosférico, provocam graves problemas nas vias respiratórias. As doenças de fundo alérgico pioram muito”. Ronaldo Queiroz explica que o ressecamento das vias aéreas provoca dificuldade na respiração e tosse, e permite a entrada de bactérias no sistema cardiorrespiratório.

PRIMEIRA NOTÍCIA · Ronaldo Queiroz dá dicas de como amenizar os sintomas devido ao tempo seco

O estudante do curso de Engenharia Civil da UFMS, Vinicius Arce teve ressecamento das vias aéreas e recorre à utilização de soros fisológicos como alternativa para amenizar os efeitos causados pela baixa umidade relativa do ar. Vinicius afirma que segue os cuidados recomendados, como tomar água e evitar exposição direta ao sol,  e ainda sente as consequências da fumaça. “Devido ao clima acabei também ficando mais exposto a viroses, que agravam muito meu quadro respiratório".

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