A professora de Língua Portuguesa, Kelly Chrystina reside em Campo Grande há 40 anos. Kelly Chrystina mora no bairro Jardim Nhanhá, localizado na zona Sul da capital. De acordo com a professora, na região em que mora há falta de iluminação nas calçadas, presença de usuários de drogas nas ruas e ocorrência de assaltos. “Acho que é um dos bairros mais violentos e perigosos de Campo Grande. Então, desde criança eu fui criada com essa questão da violência, minha casa já foi assaltada várias vezes.”
Kelly Chrystina enfatiza que há falta de vigilância policial no bairro, fato que também ocorre na região do Anhanduizinho, onde a professora leciona. “Não só o bairro onde eu moro, mas os bairros onde eu trabalho desde 2010, que é o Aero Rancho e Centenário, são totalmente abandonados pelo policiamento, é muito perigoso, tem muito assalto, roubo, ao redor da escola que eu trabalho já teve episódios com assaltos a mão armada.” De acordo com o delegado Wellington de Oliveira, as regiões do Anhanduizinho e Segredo em Campo Grande são os locais com maior número de assaltos, mortes e tráfico de drogas na capital.
A contadora Erenice dos Santos, moradora do bairro Alves Pereira, reside em Campo Grande há 50 anos. Erenice dos Santos explica que se sente insegura com os altos índices de criminialidade na cidade. “Eu não me sinto segura morando no bairro que eu moro. Aqui eu vejo muitas pessoas andando com atitude suspeita e eu tenho medo de andar no bairro. Tanto é que mesmo de dia nem meu celular eu levo. E à noite eu não saio. Deixei de ir à igreja à noite sozinha por causa disso, de medo”.
De acordo com dados do Portal de Estatísticas da Sejusp, foram registradas 62 ocorrências criminais na cidade de Dourados neste ano. A estudante do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Giovana Aiko mora em Dourados há dois anos e relata que as principais reclamações dos residentes são os assaltos, ruas com baixo investimento em iluminação e a falta de vigilância nos bairros universitários. “Eu não me sinto muito segura em dizer que eu moro em Dourados. Até porque eu poderia muito bem voltar de ônibus pra minha casa, mas por questão de medo de andar de noite, aqui eu prefiro voltar de Uber”.
O estudante do curso de Relações Internacionais da UFGD, Mikhali Campos reside em Dourados há quatro meses e afirma que se sente seguro por morar na região central da cidade, regularmente vigiada por policiais. “Não sinto que Dourados seja uma cidade extremamente perigosa. Nosso estado é pequeno, e ao comparar as estatísticas de crime a outros estados, pode-se afirmar que Dourados ainda seria considerada uma cidade segura”.
O estudante do curso de Engenharia da Computação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Pedro Arfux morou cerca de 15 anos em Ponta Porã e retornou para Campo Grande para cursar a graduação. Arfux ressalta que Ponta Porã se torna mais violenta devido à legalização do porte de armas no Paraguai e o tráfico de drogas na região. "Uma vez com a fronteira aberta, você fica exposto ali, as duas cidades na verdade ficam expostas uma a outra. O porte de armas lá no Paraguai tem suas restrições, mas é legalizado, não é aqui nem aqui no Brasil que é mais fechado. Então, assim, a questão de violência é um pouco mais séria na região de fronteira”.
Arfux relata que presenciou algumas situações de violência na cidade. “Tem uma situação, por exemplo, que eu e a minha mãe estávamos no banco e do outro lado da rua um grupo de assassinos de aluguel contratados para matar um cara e mataram o cara à luz do dia. Isso no meio da avenida mais movimentada da cidade.” Pedro Arfux destaca que a polícia prioriza intensificar as estratégias de vigilância nos bairros residenciais mais nobres da cidade, principalmente na avenida Brasil.