O uso do celular no volante diminui o potencial de resposta do condutor - (Foto: Jean Celso)Campo Grande registrou 5.116 infrações por uso de celular na condução de veículos somente no primeiro semestre de 2018, de acordo com dados disponibilizados pelo Gabinete de Gestão Integrada de Trânsito. Na capital, em média, 24,13 multas são aplicadas por dia. Segundo balanço do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS), 23.445 infrações foram registradas em todo o estado. Esse número do primeiro semestre é superior ao registrado em todo o ano de 2017.
Número de infrações no estado aumenta a cada ano(Elaborado por Jean Celso)
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB), com a aprovação da Lei N.º 13.281, em 2016, passou a considerar passível de multa gravíssima no valor de R$ 293,47, o uso de celular e/ou o uso de apenas uma das mãos na condução de um veículo. O Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi Brasil) realizou um estudo que indica os perigos do uso progressivo e excessivo do celular ao dirigir. O desvio de atenção para responder uma mensagem no telefone a uma velocidade de 50km/h é o equivalente a percorrer de olhos fechados uma distância de 10 motocicletas enfileiradas.
O neurologista clínico Gilmar de Oliveira Dornelas Júnior afirma que o instinto em saber de imediato a razão da notificação no celular é parte da curiosidade humana. "No trânsito é preciso controlar o pensamento obsessivo e evitar o comportamento compulsivo de tirar o celular do bolso ou olhar a notificação, ações essas que diminuem consideravelmente o reflexo e a atenção do condutor”.
O diretor-presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego - Regional Mato Grosso do Sul (Abramet-MS), Sílvio Elabras Haddad acredita que a aplicação da lei é insuficiente porque falta conscientização dos condutores. "Existe a lei, o que falta é respeito a ela, existe a obrigação de tomar todos os cuidados para zelar pela segurança do carro, da sua vida, dos passageiros que estão com você e do meio que te cerca. Enquanto tiver uma falta de respeito e educação voltada para o coletivo, vai ser uma desgraça atrás da outra”.
De acordo com a chefe da Divisão de Educação para o Trânsito da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), Ivanise Rotta a campanha educativa no trânsito é um reforço positivo para quem dirige dentro das normas estabelecidas pelo CTB. "A campanha é para quem faz o certo, porque o cidadão que chega na fase adulta já passou por vários exercícios de comunidade que torna injustificável o descumprimento das regras e leis. São várias campanhas, o que aumenta a fiscalização e o aumento das infrações. No entanto, o processo de educação é de corresponsabilidade da sociedade”.
