Após a denúncia, o delegado de polícia verifica se a situação relatada configura crime e, caso isso se confirme, aconselha a vítima a registrar o boletim de ocorrência. Se não configura crime, a mulher é encaminhada para o setor psicossocial, onde receberá diversos tipos de assistência. É a partir do boletim de ocorrência que a polícia trabalha para juntar provas e elementos, que depois farão parte do inquérito a ser apresentado para a Justiça.
Segundo a delegada, os números que mais preocupam são os homicídios, que no ano passado foram seis e este ano somam oito.“Verificando cada caso a gente descobre que em todos eles as mulheres eram vítimas de violência mas não tinham vindo na delegacia, não tinham denunciado. Se a mulher vier logo no começo a gente tem como ajudá-la”. Qualquer cidadão pode denunciar pelo do número 180, serviço disponibilizado pelo governo para prestar atendimento às mulheres em situação de violência.
Segundo a subsecretária da Mulher e da Promoção da Cidadania, Tai Loschi, Mato Grosso do Sul passou do 16º lugar para o 2º lugar do Brasil em número de denúncias em dois anos e meio. "Os números são horríveis, mas demonstram que as mulheres sul-mato-grossenses estão encorajadas, buscam ajuda e querem romper o silêncio".
Na Rede de Enfrentamento à Violência, programa nacional responsável pelo 180, existem outros serviços que são desenvolvidos em todos os estados. Em Mato Grosso do Sul, além das 12 Delegacias da Mulher, há 12 Centros de Atendimento, duas Casa Abrigo e a Casa da Mulher Brasileira, um novo espaço que está em construção.
Segundo Loschi, “a casa da mulher brasileira vem pra garantir um atendimento de qualidade, para que a mulher não fique andando distâncias consideráveis e tenha o encaminhamento que for necessário”. A pré-inauguração está marcada para o dia 24 deste mês. A subsecretária explica os serviços que estarão disponíveis na Casa.
Evento na UFMS promoveu curso sobre o tema
O Programa Escola de Conselhos vinculado a Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis (PREAE) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) realizou o curso "Violação de Direitos das Mulheres", nos dias 2 e 3 de setembro. O curso retratou a trajetória e aspectos históricos sobre direitos femininos e apresentou palestras sobre as políticas de atendimento às mulheres vítimas de violência.
Para o técnico de assuntos educacionais da PREAE e coordenador do Programa, Antônio José Angelo Motti, o momento é ideal para se discutir o assunto devido ao alto número de casos que ocorrem em Mato Grosso do Sul.