A comunidade conhecida como Cidade de Deus, situada em frente ao aterro municipal de Campo Grande, às margens do rodoanel, abriga entre de 300 a 400 famílias que sofrem com a falta de infraestrutura básica como habitação, saúde, água e luz. Para amenizar o sofrimento da população, e ao mesmo tempo chamar a atenção para as suas necessidades, a Paróquia Nossa Senhora da Guia e outros grupos apoiadores organizaram atividades no local durante o Dia das Crianças.
Delair Coelho, colaboradora da Paróquia, é uma das responsáveis pelo projeto da "Escolinha Filhos da Misericórdia", que promove a alfabetização de jovens e adultos na comunidade. Ela coordenou a distribuição de guloseimas para as crianças durante o evento. “Nós não temos nada. Mas o ‘papai’ ama tanto as crianças que mandou churros pra elas. No mesmo dia, ele mandou sorvete, gelinho e cachorro-quente, tanto que as crianças falaram ‘tia, eu não aguento mais".
As crianças também se divertiram em brinquedos como um tobogã, camas-elásticas e piscinas de bolinha. Bruno, de oito anos, foi uma delas. “Eu gostei bastante. Já comi cachorro-quente, chupei gelinho e o brinquedo que eu mais gostei foi o tobogã”.
Outros grupos participaram da ação, como o Coletivo Detona, composto por grafiteiros campo-grandenses que fizeram intervenções artísticas em diversas moradias e placas da comunidade. Uma semana antes, os artistas haviam visitado o local para oferecer uma oficina de grafite para as crianças. Integrantes da Atlética de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, também colaboraram levando doações arrecadadas em sua campanha “Furão Solidário”. Foram doadas roupas, brinquedos e doces angariados entre os próprios acadêmicos da UFMS.
Abandono
Tatiana Barbosa, uma das coordenadoras das atividades na escolinha da comunidade, afirma que os principais problemas enfrentados pelos moradores da Cidade de Deus são à falta de energia e de atendimento médico.
"Com o calor destas últimas semanas, a falta de eletricidade tem sido o principal problema, principalmente pela quantidade de bebês recém-nascidos e pessoas idosas na comunidade. Pelo fato da favela não ser reconhecida como um bairro, não é possível fazer o cadastro no posto de saúde mais próximo".
Barbosa afirma que a solução para as famílias da Cidade de Deus passa pela sua realocação ou em investimentos de infraestrutura. Ela considera fundamental que se "olhe para os moradores como seres humanos que precisam da ajuda do poder público e das pessoas".