A população de Campo Grande, por meio de uma ação coordenada pelo Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Tropeiros da Querência, enviou 51 carretas com 2.300 toneladas de donativos para o Rio Grande do Sul desde o dia cinco de maio. As doações atenderam 27 municípios afetados pelas enchentes. A demanda por roupas diminuiu e a necessidade de doação de água, cestas básicas, itens de higiene e alimentos de rápido consumo continua alta.
O CTG recebeu 500 voluntários para auxiliar na organização. Os voluntários separam as doações na triagem por categoria e selecionam os itens em boas condições. Os coordenadores do CTG, conhecidos como "patrão", aceitarão doações no local até quarta-feira, 29 de maio, e depois transferirão as operações para o ponto de coleta da Defesa Civil Estadual no Centro de Convenções Albano Franco.
O presidente do CTG, Mário Cavinatto afirma que doações de alimentos e água são mais urgentes do que as doações de roupas. “A Defesa Civil do Estado, em coordenação com a Defesa Civil do Rio Grande do Sul, pediu para que esperem, guardem as doações de roupas, porque o volume está muito grande, dificultando o encaminhamento e a logística de armazenamento. A insistência é nos alimentos e principalmente alimentos de fácil consumo, como enlatados, sardinha, salsicha, bolacha. Se a pessoa perdeu tudo, ela não tem fogão, geladeira, panela, então ela abre e consome”.
Cavinatto explica que os voluntários fazem a triagem das roupas e organizam para que as pessoas possam utilizar de forma imediata. "Nós estamos aqui com a equipe de triagem e eles chegam já fazendo a triagem. Para essa triagem, eles arrumam para que a pessoa chegue lá a roupa até ele e ele já use, não tenha que lavar, não tem aqui ver se serve ou não serve. A nossa equipe de voluntários está separando individualmente, infantil, para criança, para adulto, todo tipo de cuidado, assim como calçados também".
Jackeline Cabral relata que mora próximo ao CTG e decidiu ser voluntária a partir do segundo dia por influência da filha. "Aqui é a nossa rota, a gente mora a uma quadra daqui e a minha sogra mora a duas quadras. Então eu passo aqui na frente. Ela falou, 'mãe, vamos ajudar'. E eu falei, 'ai filha, tem muita gente'. 'Não, mãe, mas eles estão precisando'. Falei, 'vamos lá ver'. Nos apaixonamos e a gente chega e não tem hora para ir embora. Às vezes eu fico cansada. Falo assim, amanhã eu não vou. Mas eu levanto e daí eu fico, 'meu Deus, eles estão precisando. Como será que está lá?' Aí eu venho todos os dias".
Ela coordena o setor infantil no CTG e explica que separa as roupas por tamanho e gênero. "Aqui é assim, eu separo RN, que é recém-nascido a um ano, masculino ou verão e inverno; 2 a 4 verão e inverno; 6 a 8, verão e inverno; 10 a 12, verão e inverno; 14 a 16, verão e inverno. A gente só manda coisa boa, a gente descarta roupa suja, furada, muito rasgada. Aí a gente também faz uns kits de bebês e a gente vai separando por tamanho. Temos muita roupa nova também, tem muita gente de coração bom".