SECA

Mapeamento mostra que Mato Grosso do Sul é o estado que mais perdeu superfície de água

Estiagem atinge os municípios de Ladário, Miranda e Porto Murtinho com chuvas abaixo da média para o ano de 2021

Amanda Maia, Carolina Rampi Gimenes, Raíssa Trelha e Maria Isabel Manvailer21/09/2021 - 17h24
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A crise hídrica em Mato Grosso do Sul se agravou no ano de 2021 consequência do baixo índice chuvas no estado. Desde 2018, chove abaixo do esperado, os níveis dos rios e reservatórios de água são insuficientes para atender as demandas dependentes de recursos hídricos. A seca afeta o abastecimento de bacias hidrográficas e coloca em risco a distribuição de energia elétrica. 

Segundo Mapeamento do Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil (MapBiomas) Mato Grosso do Sul foi o estado que teve a maior redução de superfície de água, cerca de 57% e uma perda de 789.691 ha (hectare). A superfície hídrica no estado chagava a 1.371.069 ha, em 1985. O último boletim de Monitoramento Hidrológico do Serviço Geológico do Brasil (SGB) alerta que a bacia do Rio Paraguai atinge os velores mínimos dos níveis de água.

A estiagem atinge a Bacia do Rio Paraná e a região hidrográfica do Rio Paraguai, localizadas no estado. O ano de 2021 é o terceiro ano consecutivo em que o Pantanal sul-mato-grossense apresenta níveis de cheia abaixo do considerável segundo tema abordado em videoconferência  da Sala de Crise do Pantanal, grupo criado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA) em 2020, que tem como objetivo propor ações concretas de enfrentamento à seca. O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM) emitiram alerta válido para o os meses de junho a setembro de 2021 sobre a escassez de água na região.

A edição extra do Diário Oficial da União veiculada em primeiro de junho, publicou a Resolução nº77/2021 da ANA, válida até 30 novembro de 2021. A resolução determina situação crítica de recursos hídricos para a região hidrográfica da Bacia do Rio Paraná. O Grupo Técnico de Assessoramento da Situação da Região Hidrográfica do Paraná, que prevê a participação de representantes da ANA e dos estados da região de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e São Paulo para acompanhar a situação e prestar subsídio para ações de gestão de recursos hídricos.

O Governo Federal, em 28 de julho deste ano, altera Medida Provisória  que determina medidas em relação a otimização do uso dos recursos que geram energia com a força da água durante a atual situação de escassez de água. A professora adjunta na Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Geografia (FAENG) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e presidente da Associação Brasileira de Recursos Hídricos, Synara Broch explica que com a Medida Provisória nº 1.055 o Governo Federal também institui a Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética.

Primeira Notícia · Júlia Gonzalez Relata As Dificuldades Do Povo Ribeirinho Em MS

Segundo a vice-presidente da Unidade de Conservação de Uso Sustentável APA Baía Negra, Julia Gonzalez a situação na região da Unidade de Conservação no município de Ladário é crítica desde o processo de queimadas intensas ocorridas no ano de 2020. “Os anos anteriores era de muita fartura, tínhamos a nossa roça, a nossa pequena cultura, pois vivemos do extrativismo. Então hoje recebemos ajuda das ONGs com alimentos, está muito complicado”.

Primeira Notícia · Júlia Gonzalez Relata As Dificuldades Do Povo Ribeirinho Em MS

De acordo com o pesquisador da Embrapa Pantanal, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Carlos Padovani Mato Grosso do Sul entrou em período de seca desde 2019. O ano de 2021 é o terceiro consecutivo com baixa quantidade de água no sistema hídrico. “Em 2021, as chuvas não aumentaram, nem sequer foram normais. [...] Em decorrência da deficiência de água, ao longo do tempo  é bem provável que em termos de nível dos rios esse ano venha a ser mais crítico do que no ano passado”.

Padovani explica que há muita incerteza, pois isso depende das previsões climáticas. “Até o momento aqui na região do Pantanal pelos dados da régua de Ladário, a gente observa que o nível do rio está baixando rapidamente, ele está mais baixo que o ano passado no mesmo período. E a tendência é ficar com o nível negativo; já estamos em nível negativo faz alguns dias mas, a tendência é dele continuar diminuindo e é bem provável que vá bater o recorde do ano passado, que chegou ao nível de -33 cm”.

Segundo o consultor de Comunicação Institucional da Energisa, empresa responsável pela distribuição elétrica em Mato Grosso do Sul, Rodrigo Anderson Correa Leite devido a falta de energia elétrica no estado, é recomendado que a população reduza o consumo em períodos de estiagem. Além disso, todos os consumidores poderão participar do Programa Voluntário de Redução de Consumo onde o cliente recebe um desconto de R$ 50 na conta de luz a cada 100 kWh.

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