A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul encaminhou à Prefeitura de Campo Grande proposta de implantação de piso tátil nos terminais de ônibus da Capital. O projeto objetiva melhorar a acessibilidade dos deficientes visuais na cidade, principalmente em locais de intenso trânsito de pessoas.
Para a deputada estadual Mara Caseiro (PTdoB), autora do projeto, “a dificuldade dos deficientes visuais é muito grande, principalmente nos terminais onde há grande tráfego de pedestres, sobretudo nos horários de pico, em que há formação de tumulto nas entradas dos ônibus. Isso tudo acaba dificultando ainda mais a localização e deslocamento de quem não enxerga”.
De acordo com o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) feito em 2010, mais de 409 mil pessoas possuem algum tipo de deficiência visual em Mato Grosso do Sul.
O aposentado Luiz Alberto Silva, é deficiente visual e reclama da falta de acessibilidade não só nos terminais, mas em toda a cidade, principalmente nos locais públicos. “É difícil andar nas calçadas, porque onde tem o piso tátil, sempre tem algum obstáculo ou a pista acaba e você acaba ficando meio desorientado. Nos lugares públicos como os terminais de ônibus, não tem nenhum piso tátil, eu preciso dele pra me orientar, e quando não tem, preciso ficar pedindo ajuda. Isso atrapalha muito os deficientes visuais que precisam ser independentes”.
A assistente social do Instituto Sul-Mato-Grossense para Cegos (ISMAC), Hortência Aparecida Ferreira, critica a falta de fiscalização dos órgãos públicos. Para ela, a lei sobre os pisos táteis existe, o que falta é o empenho do poder público para fazer com que ela seja executada. "Falta a fiscalização dos órgãos públicos em cima da população que colocam o piso tátil nas calçadas. Eles estão sendo colocados aleatoriamente apenas por força de lei. Também falta a sensibilização da própria população para se tornar um fiscal”.
Os semáforos sonoros também são uma necessidade para os cegos. Segundo Hortência, existem poucos na cidade. "Alguns chegam a ser inúteis pela sua localização não ser rota frequente de quem precisa". O semáforo sonoro localizado entre a avenida Afonso Pena e a rua 25 de Dezembro é uma travessia obrigatória para os atendidos do ISMAC e sua implantação demorou doze anos para ser atendida pela Prefeitura.
A aposentada Ana Maria Toledo é deficiente visual e diz como é difícil o deslocamento por causa da falta dos semáforos sonoros no centro da cidade. “Uma vez eu precisava atravessar a rua e não tinha ninguém pra me auxiliar, então fui por conta própria, assim que dei dois passos, ouvi uma buzina muito forte de um caminhão. Na mesma hora eu entrei em choque, minhas pernas travaram e fiquei parada, sem reação. Ainda bem que uma moça viu e correu pra me ajudar a atravessar. Até hoje tenho um pouco de receio por conta disso”.