Famílias do Condomínio Nova Alvorada aguardam lotes ou casas da Prefeitura de Campo Grande após receberem a notificação de desocupação da Guarda Civil Metropolitana (GCM). Os policiais da GCM estiveram no Condomínio Nova Alvorada no dia 11 de maio para notificar os moradores com o aviso de desocupação do local em até 60 dias. O diretor-presidente da Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários (Emha), Claudio Marques solicitou à advogada da Construtora Degrau para suspender a reintegração de posse até que encontrem um terreno para os moradores. O diretor-presidente da Emha, Claudio Marques afirma a possibilidade de fornecer um lote para construção de casas ou uma moradia pelo programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida.
A Degrau construiu o prédio em 1997 no bairro São Jorge da Lagoa e interrompeu a obra em 2003. O tenente do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMMS) alertou que o condomínio é inapto para moradia e corre risco de incêndios. Muitas famílias moram há mais de 10 anos no prédio e não têm condições de arcar com os custos de um aluguel.
Maria de Souza é uma das primeiras moradoras do Condomínio há 20 anos e mora na edícula anexa ao residencial. O ex-marido, suas duas filhas e seus dois netos moram nos apartamentos do prédio. "Fui a primeira a cuidar daqui, eu e meu ex-marido. Aqui era a minha distração, trabalhar. Carpia, eu e a outra filha minha, nós plantávamos a rama de mandioca, plantamos canavial, plantamos quiabo, plantamos jiló, plantávamos tudo aqui".

Luciane de Souza mora no Condomínio há oito anos e destaca que recebeu a ordem de desocupação do imóvel. "No momento a gente ficou sem expectativa nenhuma, mas depois o pessoal da Emha veio aqui cadastrar as famílias. Ele pediu para a gente ficar sossegado, que ele conversou lá com o juiz e conseguiu um tempo a mais. Então disse para nós ficarmos sossegados, porque nós estávamos com um prazo de 60 dias. Seria dia 11 de julho o prazo. Ele deu uma tranquilizada, mas quando nós recebemos mesmo a intimação, nossa, foi desesperador, porque são muitas famílias, muita coisa pra pensar e muito gasto também. Nós não temos condições de sair em um prazo de 60 dias, assim, sem saber pra onde ir".
O diretor-presidente da Emha, Claudio Marques foi para o local na terça-feira, 14 de maio, cadastrar as 17 famílias na Emha. "Todas foram cadastradas e seladas, então já tem a numeração de cada família em cada unidade habitacional. Selada porque acontece muito de um dos moradores anunciar e vender o apartamento que está com reintegração e seguir para outro lugar. Então agora, selada, se ela fizer isso, ela não tem a vantagem de ir em outro lugar. A gente sela e coloca no cadastro para ela estar sendo assistida, buscando viabilidade para que elas saiam dessas condições. Com o levantamento, a gente está na busca do local para onde essas famílias serão destinadas e como vai acontecer para que elas possam ser remanejadas. A Prefeitura vai assistir todas essas famílias e buscar a definição do local".
Cibele Nanci está há 10 anos no prédio com o marido e três filhos e relata que o diretor-presidente da Emha prometeu que não haverá ordem de despejo enquanto buscam um novo lugar para abrigar as famílias que residem ali. "Ele falou que deu um tempo para nós aqui, até ela (a prefeita) conseguir um lugar pra colocar. Assim que foi a proposta dele pra nós. Mas aí, se vai ser verdade ou não, nós vamos esperar. Aí ele falou que não vai ter polícia e não vai ter ordem de despejo. Assim foi falado. Se vai cumprir, nós não sabemos, vamos esperar. A única coisa que nós queremos é uma certeza, para ter paz".
Lucimara de Souza reside no condomínio há sete anos com o marido e filho e destaca que os moradores têm dificuldades financeiras e não têm condições de pagar aluguel. "Que venha resolver da melhor maneira possível. Aqui ninguém tem condição de pagar aluguel. Porque se nós tivéssemos condição de pagar aluguel, não tinha nada disso aqui, nós não estávamos aqui. Pra viver assim não é fácil".
O diretor-presidente da Emha, Claudio Marques afirmou que a Prefeitura de Campo Grande busca por um terreno para disponibilizar para as famílias. "Logo que a gente saiu do condomínio, eu entrei em contato já com a advogada da empresa, solicitando que eles suspendam essa reintegração, até a gente definir de fato para onde eles vão. Aí todo mundo vai sair de livre e espontânea vontade, todo mundo vai sair tranquilo e a gente entrega o prédio livre e desimpedido para que a empresa dê continuidade e cuide desse prédio até definir de fato o que vai ser feito, se vai ser demolido, se vai ser vendido, porque existem vários processos judiciais para resolver essa situação".