MEIO AMBIENTE

Plano Estadual Carbono Neutro altera atividades industriais e rurais em Mato Grosso do Sul

Decreto estadual regulamenta estratégias para zerar a emissão de gases do efeito estufa até 2030 e atinge setores como agronegócio, indústria e energia

Alicce Rodrigues, Ana Klara Tortoza, Feyth Jaques, Waldir Rosa22/11/2021 - 16h19
Compartilhe:

O governo de Mato Grosso do Sul regulamentou a Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC) e o Plano Estadual MS Carbono Neutro (Proclima) com os objetivos de neutralizar as emissões de gases do efeito estufa até 2030 e ampliar os mecanismos estaduais de defesa ambiental. Os decretos regulamentam mudanças no agronegócio, na energia, no uso da terra e florestas, no tratamento de resíduos e no incentivo ao uso de energias renováveis. O governador do Estado, Reinaldo Azambuja e o secretário do Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck assinaram os decretos antes de participarem da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26).

O Proclima, previsto no Decreto 15.798, trata do Acordo Climático Sul-Mato-Grossense e possui como meta zerar a emissão de gases do efeito estufa 20 anos a menos que o estabelecido pelo Acordo de Paris. Mato Grosso do Sul também aderiu às campanhas internacionais Race to Zero e Under2 Coalition, que reúnem empresas, governos e instituições comprometidas a zerar a emissão líquida de carbono. O Governo do Estado buscou financiamento internacional na COP26 para atingir as metas estabelecidas nos decretos.

O Proclima tem como objetivo geral garantir a qualificação de estado com emissão líquida zero de carbono até 2030. A PEMC tem como principais funções realizar o mapeamento das emissões de gases do efeito estufa em Mato Grosso do Sul e coordenar o Proclima. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, as Conferências das Partes (COP) reúnem centenas de países desde 1995 e analisam anualmente aspectos das mudanças climáticas no mundo, de modo a propor formas de reduzir os gases emissores do aquecimento global. A COP26 aconteceu de 31 de outubro até 12 de novembro de 2021 e reuniu mais de 190 países para o debate sobre o andamento das ações e objetivos definidos no Acordo de Paris. Conforme o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), o Acordo de Paris é um tratado internacional firmado entre 195 países na COP21 para neutralizar a emissão de gases do efeito estufa.

O engenheiro Florestal Fábio Bolzan diz que o efeito estufa é natural e benéfico para manter a temperatura estável do planeta. “Toda energia que vem do sol, uma parte é absorvida pela terra e a outra parte irradiada em forma de calor. Dessa parte que é irradiada, uma vai para o espaço e a outra volta para a terra, fazendo a manutenção da temperatura média do planeta”. Segundo Bolzan, a alta emissão de gases poluentes altera o ciclo normal do efeito estufa. "O aumento da emissão de gases do efeito estufa, como metano e dióxido de carbono, acontece de forma exacerbada desde a Revolução Industrial. Isso tem acumulado gases poluentes na atmosfera, alterando a sua composição, aumentando a temperatura dos oceanos, da própria atmosfera e gerando o aquecimento global".

O doutor em Ecologia e Recursos Naturais Ademir Morbeck diz que a possibilidade do Estado neutralizar as emissões de gases do efeito estufa até 2030 depende da vontade política. "Atuar para recuperar as Áreas de Preservação Permanente (APPs), as reservas legais, para combater os incêndios, reduzir o desmatamento, transformar o manejo do solo, tudo isso é fundamental para o Governo atingir o que está propondo”. Segundo o presidente da Organização Não Governamental (ONG) Ecologia e Ação (ECOA), André Siqueira a parceria entre organizações não governamentais e instituições públicas e privadas criou medidas preventivas que diminuíram as ocorrências de incêndios florestais no Pantanal em 2021.

Primeira Notícia · Doutor em ecologia defende ações nas áreas urbanas para neutralizar gases do efeito estufa

Para o economista Michel Constantino, “a riqueza ambiental” de Mato Grosso do Sul é um “grande polo” de atração de investimentos externos. “Com o Plano Estadual MS Carbono Neutro, deixamos claro para o mercado externo que o Estado está preocupado com o aquecimento global”. Constantino diz que os efeitos da alta emissão de gases do efeito estufa são prejudiciais a curto e longo prazo na economia. “Estudos de mais de 20 anos na nossa área mostram impactos negativos da emissão descontrolada desses gases. As economias mundiais e nacionais estão entendendo que não é mais possível crescer de forma desordenada, tornando necessário o investimento em tecnologias de inovação que possibilitem o desenvolvimento sustentável”.

Compartilhe:

Deixe seu Comentário

Leia Também