ENERGIA RENOVÁVEL

Implementação de imposto sobre energia solar reduz crescimento no setor em Mato Grosso do Sul

Lei do Marco Legal da Geração Distribuída institui taxa sobre valor da energia gerada para custeio da rede de distribuição da concessionária, com acréscimo gradativo até 2028

Thauana Luares e Daphyne Schiffer12/04/2023 - 10h10
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O setor de energia solar em Mato Grosso do Sul registrou uma redução de crescimento entre janeiro e fevereiro deste ano após a implementação da Lei 14.300/22, o que demonstra uma retração do mercado em relação ao constante avanço apontado desde 2017. A Lei do Marco Legal da Microgeração e Minigeração Distribuída, instituída em 6 de janeiro, estabeleceu uma taxa ao consumidor para custear o uso da rede de distribuição da concessionária, serviço prestado pela Energisa. O estado sul-mato-grossense é o quarto com maior potencial gerador de energia solar do país, com 26.678 mil miniusinas distribuídas, além de 21.309 unidades de geração de energia solar.O pagamento do imposto sobre a fiação tipo B, que compõe a Tarifa de Uso dos Sistemas de Distribuição (TUSD), será cobrado apenas sobre a energia injetada na rede. A cobrança será feita por fases, com desconto atual de 15%, e previsão de aumento gradual até o final de 2028. A partir do ano seguinte, o consumidor pagará 100% do valor pelo uso da infraestrutura elétrica.

Segundo o presidente do Movimento Solar Livre (MSL), Hewerton Martins a interpretação desta lei pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) gera dúvidas. “É preciso tomar medidas para que não sejam acrescentadas taxas e condições que prejudiquem a viabilidade do uso da energia solar, e para garantir que os benefícios para os consumidores sejam preservados”. Martins ressalta que a economia final se mantém, e o consumidor paga cerca de 30% do valor da energia elétrica.

De acordo com o diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios e Tecnologia da (Re)energisa, Gustavo Buiatti, o uso de energia solar em Mato Grosso do Sul cresceu devido a economia que a modalidade proporciona. “O motivo principal acaba sendo a possibilidade do cliente passar a ter uma economia na sua conta de energia." Ele explica que o consumidor pode investir diretamente na compra de seu próprio sistema ou adquirir uma assinatura solar 

O engenheiro Ambiental Pedro Gonçalves acredita que, além do incentivo fiscal, existem políticas públicas que podem ser implementadas para incentivar o uso de energias renováveis no estado. "O investimento em tecnologias para otimizar os processos de descarte dos materiais utilizados, a chamada logística reversa, e a facilitação sobre a aquisição de equipamentos fotovoltaicos, são algumas das alternativas”. Gonçalves afirma que o uso de energia solar é benéfico em relação a outras fontes, como a hidrelétrica, para a preservação do Pantanal,  principal bioma do estado sul-mato-grossense.

Primeira Notícia · Engenheiro ambiental explica os benefícios do uso da energia solar

O consultor da Techsol, João Lopes afirma que a implementação da Lei 14.300 causou uma retração momentânea no mercado. “Os consumidores ficaram com medo de que o investimento não valesse mais a pena por conta da alteração na lei, mas isso se mostrou uma inverdade, e agora estamos trabalhando num processo de recuperar esse público”. Lopes explica que a geração distribuída trazia mais benefícios financeiros antes da mudança, e que permanece muito vantajosa para o consumidor.

A energia solar, fonte renovável e sustentável, provém de um recurso naturalmente reabastecido e não emite gases poluentes ao ambiente. A geração é feita pela radiação eletromagnética liberada diariamente pelo sol, que é captada e armazenada por placas fotovoltaicas, e convertida em eletricidade. É utilizada a energia excedente armazenada na rede em dias nublados e no período noturno, com baixa radiação solar.

 

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