A Câmara Municipal de Campo Grande aprovou Lei que institui o "Programa Ativa Idade, que estabelece políticas públicas para a reinserção de idosos no mercado profissional, para exercerem atividades remuneradas ou não remuneradas. A Lei normatiza a criação de um banco de vagas de emprego e a Prefeitura Municipal de Campo Grande (PMCG) fará a intermediação entre idosos cadastrados, órgãos públicos e empresas privadas interessadas na contratação de pessoas acima dos 60 anos de idade. A Lei Nº 5997 foi sancionada pelo prefeito municipal de Campo Grande, Marcos Marcello Trad (PSD) e publicada no Diário Oficial de Campo Grande (DIOGRANDE) no dia 7 de maio.
Segundo o censo demográfico do Brasil de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 10% da população campo-grandense é composta por pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, o que representa cerca de 78,3 mil idosos.
De acordo com o estudo "Envelhecimento populacional: uma realidade brasileira" (1987), de Luiz Roberto Ramos, Renato Veras e Alexandre Kalache, publicado na Revista de Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), o Brasil enfrenta as implicações sociais e de saúde resultado de um processo de envelhecimento semelhante ao dos países desenvolvidos.
A pesquisa aponta que, com o declínio das taxas de fecundidade e mortalidade, o país terá sexta população mais idosa do planeta no ano 2025, com 34 milhões de pessoas acima de 60 anos, o que representará, aproximadamente, 14% da população brasileira. Esse índice foi confirmado pelo Relatório Mundial de Saúde e Envelhecimento, publicado em 2015 pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

(Foto: Arquivo/CMCG)
Segundo o autor do projeto de lei, vereador João Rocha o programa tem como objetivo diminuir a desvalorização social decorrente do processo de envelhecimento populacional em Campo Grande. “Embora, no aspecto econômico, as pessoas idosas possam a ser vistas como improdutivas, a realidade mostra que este grupo pode permanecer ativo profissionalmente. Percebo uma presença crescente dos idosos nos postos de trabalho, e que estes podem contribuir definitivamente para o mercado de trabalho, por meio dos conhecimentos adquiridos".
O autor do projeto de lei afirma que, com o crescente envelhecimento populacional em Campo Grande, as empresas precisam se preparar para esse cenário. "Cabe às empresas se prepararem para essa nova realidade, promoverem um ambiente organizacional que estimule a produtividade e o aproveitamento desse capital intelectual das pessoas idosas. Os idosos economicamente ativos terão a experiência como grande aliada em uma sociedade baseada na educação e que tem a informação como matéria-prima, pois a partir da capacidade de transformar dados em informação é que se pode gerar produtividade”.
Rocha afirma que banco de vagas de emprego para idosos deverá funcionar de forma integrada com o Sistema Nacional de Emprego (SINE) e demais órgãos da administração pública municipal e estadual. “Precisamos incentivar cada vez mais essa ligação entre os idosos e as vagas de emprego, e nada melhor do que usar todo o conhecimento especializado das agências de emprego para que possamos garantir e estimular a reinserção do idoso no mercado de trabalho".
O vereador ressalta que a Lei prevê a disponibilização de vagas remuneradas e não remuneradas. "As oportunidades de trabalhos voluntários deverão ser preenchidas por pessoas idosas que recebem mensalmente uma remuneração e que busquem apenas participarem de forma ativa do mercado de trabalho e evita, desta forma, o isolamento social a que todos estão fadados. Em hipótese alguma o idoso que não possuir renda poderá ser utilizado no mercado de trabalho sem remuneração, pois, além do objetivo do convívio social, esta remuneração servirá para seu sustento e melhoria na qualidade de vida”.

(Foto: Lucas Castro)
Para a advogada e coordenadora do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP) em Mato Grosso do Sul e na região Centro-Oeste, Juliane Penteado os primeiros anos de aposentadoria são os mais difíceis devido ao intenso envolvimento com a relação de trabalho. “Para aquele que está em atividade desde muito cedo é complicado parar de trabalhar, de não ter mais o compromisso do horário, a responsabilidade de antes. Até mesmo casos de constatação de alguma doença, de incapacidade, a maioria não quer aposentar. Se ele está incapacitado é porque aguentou até o último momento e, a partir daí, teve que se aposentar".
A advogada ressalta, também, que muitos contribuintes que se aposentam antes do limite de idade ou tempo de serviço preferem continuar no mercado profissional. “Na maioria das vezes, os que se aposentam cedo por tempo de contribuição no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ainda continuam no mercado de trabalho, porque ele tem uma dificuldade de parar, sentem que ainda são muito úteis. A palavra 'aposentado' pode soar como alguém que está inutilizado, inativo. Então, psicologicamente não tem uma boa repercussão para aquele indivíduo”.