FEMINICÍDIO

Casos de feminicídio diminuem 32% em Mato Grosso do Sul

O aumento de subnotificações de situações de violência contra a mulher, casos que ficam sem registro nas delegacias de polícia contribuiu para a diminuição das ocorrências e mostra a eficiência das políticas públicas

Ariane Vilharva, Ingrid Protásio, Mariana Pesquero e Pedro Vieira23/08/2024 - 11h40
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Os casos de feminicídio em Mato Grosso do Sul diminuíram 32% no último ano, em comparação a 2022. O 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho deste ano, indica que o estado é o sexto colocado no ranking nacional. O balanço do Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta que a taxa é de 2,1 casos de assassinato de mulheres para cada 100 mil habitantes sul-mato-grossenses.

Mato Grosso do Sul registrou 30 casos de feminicídio em 2023. O estado ocupou a segunda posição no mesmo ranking em 2022, com 44 ocorrências. levantamento da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) contabilizou, até agosto deste ano, 20 casos de feminicídio, após um mês sem notificações.

A subsecretária de estado de Políticas Públicas para Mulheres, Manuela Nicodemos destaca que desde o início do ano foram realizadas ações de conscientização nos municípios do estado com o intuito de oferecer capacitação a profissionais de Segurança Pública sobre violência contra a mulher. O conteúdo das ações aborda relações de gêneros, violência contra mulheres e feminicídio, por meio de matérias que divulgam os canais de denúncias e os serviços de atendimento.

 

PRIMEIRA NOTÍCIA · Manuela Nicodemos comenta importância da medida protetiva

Manuela Nicodemos afirma que em Mato Grosso do Sul, as mulheres enfrentam desafios para se inserirem na esfera pública. "Os altos índices se elevam a cada ano. Eles são reflexo de uma cultura, um estado profundamente marcado por raízes patriarcais". 

A advogada da Comissão de Combate e Enfrentamento à Violência Doméstica da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MS), Kelly Bernardo destaca que a redução na taxa de feminicídio acontece devido ao aumento de casos em outros estados.  O aumento de subnotificações, casos que não são registrados, também influenciou nessa redução. "Quando a gente vê um número de queda a gente se preocupa, será que realmente estão sendo eficazes as políticas públicas?". 

Segundo Kelly Bernardo, o acompanhamento das vítimas na medida protetiva é o principal fator para impedir que casos de violência doméstica resultem em feminicídio. A advogada afirma que há ineficiência na aplicação das leis e no acompanhamento das vítimas. "A gente precisa garantir que as mulheres sejam integralmente protegidas. A mulher busca a medida protetiva e mesmo assim sofre feminicídio. Onde está a falha? No monitoramento, no acompanhamento dessas mulheres".

Governo do Estado, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) e o Tribunal de Justiça (TJMS) lançaram a campanha #TodosPorElas em Campo Grande, no dia sete de agosto, data em que a Lei Maria da Penha completou 18 anos. Durante o evento, diversas entidades e empresas assinaram pacto de compromisso e termo de adesão para parcerias estratégicas. O objetivo da ação é prevenir e erradicar o feminicídio por meio de ações de conscientização.

O juiz da 3ª Vara da Violência Doméstica da Casa da Mulher BrasileiraVinícius Pedrosa explica que existem várias ações e programas, como sessões de apoio e palestras, com o objetivo de educar e reduzir a reincidência da violência. A campanha #TodosPorElas é a primeira com foco na prevenção do feminicídio e foi criada pela desembargadora e coordenadora estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do TJMS, Jaceguara Dantas.

Pedrosa explica que a diminuição do número de casos de 2022 para 2023 está relacionada à criação de programa institucionais de combate à violência contra a mulher, como a Medida Protetiva On-Line, uma das principais ferramentas para as vítimas que buscam ajuda emergencial. "Esses programas institucionais tentam ir na raiz do problema, sem dúvidas há influência. A Medida Protetiva Online recentemente teve uma modificação para ficar menor e facilitar o acesso à justiça".

 

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