Mato Grosso do Sul é o terceiro estado que mais contabilizou mortes de indígenas no campo em 2022. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) no Estado registrou conflitos por terra e pela água, trabalho análogo a escravidão e tentativas de homicídio e ameaças de morte contra pessoas indígenas. Cerca de 40 mil pessoas se envolveram nos conflitos ocorridos.
Os estados que mais registraram mortes foram Maranhão e Rondônia com sete casos, seguidos de Mato Grosso do Sul, com seis, Pará e Roraima com cinco. Mato Grosso do Sul contabilizou 63 conflitos por terra em 2022. O número de conflitos registrados representa um aumento de 75%, em relação a 2021, em que foram feitas 36 ocorrências no Estado.
Os dados referentes aos conflitos em 2022 foram divulgados durante a “Campanha Nacional Contra a Violência no Campo” e foram mapeados por meio da publicação anual de Conflitos no Campo Brasil realizada pela Comissão da Pastoral da Terra (CPT). De acordo com o agente da CPT em Mato Grosso do Sul, Roberto Carlos de Oliveira são dois tipos de levantamentos registrados no relatório. “Os dados mostram a violência que o latifúndio provoca nos povos do campo, então registramos a violência contra os povos e a resistência deles frente a esta opressão”. Oliveira afirma que há necessidade da demarcação das terras por meio da articulação entre o Governo, latifundiários e indígenas das terras para diminuir os conflitos.
De acordo com o subsecretário de Políticas Públicas para População Indigena, Fernando de Souza é preciso conhecer a história do Mato Grosso do Sul para entender os conflitos que ocorrem pela retomada. “Entre 1910 e 1920 após a Guerra do Paraguai, os povos indígenas foram retirados de seus territórios, à força, e reunidos em uma área denominada ‘reserva’. O governo então repartiu aqueles territórios com fazendeiros. Isso está muito fresco na memória dos povos indígenas".Souza afirma que a visita da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara na área de retomada Laranjeira Nhanderú, no Mato Grosso do Sul, fomentou a criação do Grupo de Trabalho de responsabilidade do Governo Federal para a retomada de estudos sobre a demarcação de terras dos povos indígenas do Estado.
O subsecretário completa que a Polícia Militar (PM) atua nas áreas de conflito, pois é a força de segurança responsável por atender todos os sul-mato-grossenses. “O fazendeiro se assusta com uma pessoa estranha em sua propriedade e chama a PM. O que ocorre, é que muitas vezes a Polícia acaba excedendo a força, e o aparelho do Estado é bem mais potente”. Souza aponta que neste ano serão criadas mais cinco unidades. Outra medida proposta pelo secretário para diminuir a violência no campo é a criação de um comando especial de policiais militares que atuem nos territórios indígenas.