MORADORES DE RUA

Mato Grosso do Sul registra aumento no número de pessoas em situação de rua

Custo da moradia, o desemprego, a baixa escolaridade e os impactos da pandemia são as principais causas do aumento da população "sem teto"; os homens, entre 30 e 59 anos, formam a maior parcela das pessoas em situação de rua.

Gabrielle Lima, Gustavo Nascimento, Roberta Dorneles e Sanny Duarte18/11/2024 - 10h56
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Campo Grande registrou 1.545 pessoas em situação de rua, um aumento de 21% em relação a 2017. Homens entre 30 e 59 anos representam o grupo com o maior número de pessoas que vivem em situação de rua, e crianças de 0 a 14 anos representam o segundo maior grupo. O total de moradores em condições de moradia improvisada no estado é de 3.228 pessoas.

O desemprego, o déficit habitacional, a pobreza, a baixa escolaridade e os cortes em programas sociais são as principais causas do aumento da população em situação de rua no estado. A maioria das pessoas em situação de rua com 15 anos ou mais sabe ler e escrever. A taxa de alfabetização entre as mulheres é de 84,7%, superior à dos homens, que é de 82,9%. Campo Grande é a cidade com o maior número de pessoas em situação de rua, em seguida as cidades de Dourados e Três Lagoas

A superintendente da Proteção Social e Especial da Secretaria Municipal de Assistência Social, Tereza Cristina Miglioli Bauermeister explica que o Centro de Assistência Social para a População em Situação de Rua (Centro POP) oferece serviços para pessoas em situação de rua, como acolhimento, alimentação e acesso a documentos. Tereza Bauermeister enfatiza que a esquipe do Centro POP é composta por assistentes sociais, psicólogos e advogados, que atuam no Plano Individual de Atendimento (PIA). "O Centro POP é uma unidade, um local que promove o acesso do cidadão, que visa espaços de guarda de pertences, alimentação, higiene pessoal e provisão de documentação. Ali eles são recebidos, construído através da nossa equipe social, que é composta por assistentes sociais, psicólogos e advogados. O PIA, o Plano Individual de Atendimento, que daí diante a especificidade da necessidade dessa pessoa, a gente elabora um plano para a saída dele das ruas".

A assistente social e responsável pela abordagem social nas ruas, Lucilene dos Santos explica que o Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS) oferece atendimento para apoiar as pessoas em situação de rua. "O trabalho do SEAS busca não apenas atender às necessidades imediatas, como a distribuição de cobertores e a retirada de documentos, mas também promover a reconstrução da autonomia e da dignidade dessas pessoas". Lucilene dos Santos afirma que o uso de drogas é um dos principais fatores que contribuem para a  situação de vulnerabilidade social. "Os usuários, ao começarem a consumir, acabam enfrentando conflitos familiares, o que afeta ainda mais as famílias em situação de vulnerabilidade, e o SEAS realiza encaminhamentos para comunidades terapêuticas e oferece oportunidades de inserção no mercado de trabalho, sempre com o objetivo de promover a reintegração social".

João Silva* vive há três anos em situação de rua, comentou que o desemprego e problemas familiares foram os principais fatores que o levaram a viver nas ruas. "Os fatores que me levaram a essa realidade foram o desemprego e problemas familiares que somados resultaram na falta de estabilidade e planejamento para reestruturar minha vida".

Lucilene dos Santos explica que no Centro POP os moradores em situação de rua recebem orientação e apoio da equipe de profissionais. "O primeiro passo para quem aceita o acolhimento é a emissão de documentos essenciais, o que é fundamental para o restabelecimento da cidadania e para a entrada em comunidades terapêuticas". A assistente social afirma que alguns dos moradores são encaminhados para o Centro de Atenção Psicossocial (Caps), onde recebem tratamento especializado para transtornos vinculado a dependência de álcool e drogas, e no tratamento de condições como depressão, ansiedade, esquizofrenia e transtornos de personalidade.

Segundo Lucilene dos Santos a população de Campo Grande que, ao evitar dar esmolas aos moradores de rua, contribui para o trabalho de acolhimento e ajuda a reduzir a permanência dessas pessoas nas ruas. "Quando a população deixar de oferecer moedas e alimentos, eles buscarão nossos serviços, terão acesso a cursos e poderão tirar documentos".

* Nome fictício para preservação da fonte.

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