Mato Grosso do Sul registrou 704 mil pessoas que consomem álcool regularmente, o segundo maior percentual do país, com 39,9%. O consumo de bebidas alcoólicas atingiu 38,9% na capital. Campo Grande ocupa o quinto lugar entre as capitais que mais consomem bebidas alcoólicas.
O aumento no consumo de bebidas alcoólicas no estado foi de 18,96% em 2023. Mato Grosso do Sul ocupa o quinto lugar com maior índice de consumo de álcool. Os homens jovens apresentam os maiores índices de uso abusivo da substância.
Segundo a psiquiatra e coordenadora da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) Gislayne Budimo Toledo, há um aumento nos casos de consumo abusivo de bebidas alcoólicas entre os jovens. “Infelizmente, em relação a álcool e outras drogas, o índice de aumento de casos é cada vez mais contínuo, principalmente entre adolescentes e adultos jovens, levando inclusive a dependência não só o uso abusivo e a dependência de substâncias psicoativas”.
A psiquiatra Danusa Céspedes Guizzo afirma que a dependência do álcool afeta a saúde física e a mental. “Os prejuízos psicológicos para quem tem dependência do álcool incluem irritabilidade, depressão, problemas no relacionamento familiar e queda no desempenho escolar ou profissional. Em casos mais graves, o uso abusivo de álcool pode levar a situações perigosas, como brigas, acidentes ou problemas ilegais”. Danusa Guizzo enfatiza que o uso excessivo de álcool compromete o sistema nervoso e o sistema digestório. “Temos pacientes aqui no hospital que já desenvolveram quadro de demência alcoólica aos 30 anos, por fazerem o uso do álcool de maneira intensa durante muito tempo. Além do sistema nervoso, o álcool também acomete o sistema intestinal e pode levar a quadros de gastrite, úlcera, câncer no sistema digestivo e complicar ainda mais algumas doenças cardiovasculares”.
Danusa Guizzo afirma que a maioria dos jovens inicia o consumo de álcool precocemente, influenciados por familiares ou amigos. "O consumo de álcool entre jovens aumenta, frequentemente associado ao rito de 'se tornar homem' com o primeiro uso da bebida. Esse crescimento também é visível entre as meninas. Se um adolescente não tiver uma formação sólida e uma estrutura de apoio, ele pode sucumbir à pressão do grupo de amigos e achar difícil evitar o uso da bebida”.
O Major do Corpo de Bombeiros Pedro Centurião afirmou que deixou de consumir bebidas alcoólicas há 26 anos, e comenta que sua primeira experiência com a bebida alcoólica aconteceu na adolescência. “A primeira vez que bebi foi aos 17 anos, quando entrei em coma alcoólico após exagerar na bebida. Em outra ocasião, durante uma festa da empresa onde trabalhava, também exagerei na bebida”.
Centurião explica que começou o tratamento quando seu irmão, que buscou tratamento para uso excessivo de álcool, o convidou para participar do grupo dos Alcoólicos Anônimos (AA). "Entrei na sala do AA no dia 26 de dezembro de 1998, quando percebi que era alcoólico e precisava de ajuda. Para parar de beber, segui a orientação de evitar o primeiro gole e me afastei de amigos e lugares que me levavam à antiga prática”.