PESSOAS DESAPARECIDAS

Mato Grosso do Sul tem aumento no índice de pessoas desaparecidas em 2023

Doenças mentais, uso abusivo de droga e álcool e problemas com a família são os principais motivos para os casos de desaparecimento notificados pelos órgãos de segurança do estado

Amanda Melgaço, Bianca Campos e Evelyn Mendes 12/11/2023 - 18h17
Compartilhe:

A Secretaria Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) registrou aumento de 10% no número de pessoas desaparecidas em Mato Grosso do Sul. O gênero masculino representa o grupo com o maior índice de pessoas desaparecidas no estado. A capital do estado é a cidade com mais pessoas desaparecidas, seguida pelas cidades de Dourados e Três Lagoas. 

Doenças mentais devido ao uso abusivo de álcool e drogas são os principais motivos para os desaparecimentos involuntários notificados. Mato Grosso do Sul tem, em média, 1,4% pessoas desaparecidas por dia. Os familiares são os responsáveis, na maioria das vezes, por acionar órgãos de segurança pública em casos de parentes desaparecidos. 

A Lei 13.812/2019 institui a Política Nacional de Pessoas Desaparecidas, e criou o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas (CNPD). A Lei estabelece que o CNPD registre informações no sistema público de Segurança, para auxiliar na busca e localização de pessoas desaparecidas. A Lei estabelece que o Poder Público crie programas de atendimento psicossocial, para oferecer suporte aos familiares das pessoas desaparecidas.

A psicóloga clínica Simone Cougo afirma que o desaparecimento de um conhecido desencadea no adoecimento mental dos familiares. “O processo de luto pelo desaparecimento é adiado, porque envolve uma esperança de reencontro com a pessoa. Por isso é tão difícil quanto perder alguém de fato”.

Dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp/MS) mostram 449 casos de pessoas desaparecidas no estado entre janeiro a setembro deste ano, número que representa um aumento de 10% em relação ao ano anterior. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que no Brasil houve aumento de 12,9% de desaparecimentos em 2022, em relação ao ano anterior. Mato Grosso do Sul é o oitavo estado com maior índice de desaparecidos do Brasil, e o segundo estado do Centro-Oeste. O perfil dos desaparecidos no estado é de maioria masculina com idade entre  18 e 65 anos. 

Infográfico | Evelyn Mendes

Segundo o mecânico João Alves de Oliveira, que teve um familiar desaparecido, o Boletim de Ocorrência só pôde ser registrado 24h após o desaparecimento. Oliveira destaca que “com o passar dos anos a gente entendeu o que tinha acontecido, que era meu tio não aceitava ter um filho homossexual e aí ele fugiu para viver a vida dele. Hoje ele é bem feliz, se dão bem e não mora mais aqui no estado de Mato Grosso do Sul”. 

Segundo o delegado de Polícia Civil e titular da Delegacia Especializada de Repressão a Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Carlos Delano Gehring os casos de desaparecimento devem ser notificados às autoridades de Segurança Pública responsáveis assim que  a ausência for percebida. “Não tem um tempo pré determinado que justifique um juízo para  falar se isso é ou não desaparecimento. Os familiares que convivem com essa pessoa sentiu necessidade de notificar a polícia, o caso vai ser registrado”.

Compartilhe:

Deixe seu Comentário

Leia Também