CIDADES

Moradores do Carandiru recorrem à ligação clandestina após corte da energia elétrica

Suspensão do fornecimento de energia aconteceu após operação "Abre-te Sésamo", realizada pela Polícia Civil, moradores alegam que o serviço foi interrompido em unidades consumidoras em situação regular

Brunna Paula, Heloisa Duim, Lucas Artur e Maurício Aguiar23/08/2023 - 23h10
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Moradores do condomínio Carandiru, localizado no bairro Mata do Jacinto, em Campo Grande, recorreram à ligação clandestina após suspensão do fornecimento de energia elétrica. A interrupção do acesso ao serviço aconteceu após a operação “Abre-te Sésamo”, realizada pela Polícia Civil em junho deste ano. Impasse jurídico impede religação da energia no local. 

Os moradores ocuparam o condomínio Carandiru, ou Residencial Athenas, em 2005 após parasilação das obras pela Construtora Degrau, empresa responsável pela construção do residencial, que decretou falência financeira. A empresa solicitou a reintegração de posse imediata do terreno depois da operação. A reintegração foi suspensa por 90 dias após audiência na 16ª Vara Cível de Campo Grande. Cerca de 40 famílias residem no local atualmente. 

A operação “Abre-te Sésamo” aconteceu no dia seis de junho com colaboração da Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros Militar, a Defesa Civil e a Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS). A ação resultou na prisão em flagrante de 11 pessoas e na apreensão de 12kg de maconha e 2kg de cocaína.  O fornecimento de energia elétrica no complexo habitacional foi suspenso pela distribuidora Energisa no dia seguinte após a operação, com base no laudo de interdição realizado pelo Corpo de Bombeiros que constatou a falta de segurança nos blocos não finalizados.

Morador do bairro Carandiru e açougueiro, Walter Romero de Vasconcelos relata que os moradores se mobilizaram para fazer uma ligação clandestina após 15 dias sem o serviço de energia. “Cada um contribuiu com um pouco de dinheiro para comprar o fio. Tem gente que tem problema de respiração e precisa fazer inalação, uma senhora que tem que tomar insulina, que precisa estar resfriada. A gente fez isso para ajudar eles”. Vasconcelos reforça que teve o serviço cortado em sua residência com pagamentos regulares. 

De acordo com o defensor público e coordenador do Núcleo do Consumidor (Nuccon) da Defensoria Pública, Carlos Eduardo Oliveira de Souza a religação do serviço depende da realização de estudos sobre o atual estado da infraestrutura do condomínio. “Foram solicitadas as vistorias e todos os laudos técnicos referente às inspeções do local em que foram detectadas as irregularidades e o risco à segurança dos moradores”. Segundo o defensor público, cerca de 46 famílias foram prejudicadas pelo corte repentino da energia elétrica. 

A advogada da Construtora Degrau, Hilda Priscila Correia Araújo afirma que o poder público e a Energisa se eximem de possíveis consequências da falta de infraestrutura no residencial. “Se pegar fogo, quem vai assumir? Se houver um problema maior, quem vai se responsabilizar perante a sociedade? A construtora vinha falando isso há muito tempo e agora ninguém quer colocar a mão no fogo, nem Energisa, nem a Defensoria, nem a Promotoria e muito menos o juiz”. 

Primeira Notícia · Advogada da construtora Degrau, Hilda Priscila comenta sobre o futuro do terreno

O frentista Alessandro dos Santos Machado é residente de um blocos finalizados pela construtora. Machado concorda com a ação de desligamento do serviço de energia e com o processo de reintegração de posse solicitado pela Construtora Degrau. “Eu sou a favor porque foi invadido, de qualquer jeito eles estão errados. Tem famílias, eu entendo, eu acho que deveriam ser realocados em outro lugar para que seja entregue à construtora para finalizarem”.

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