Motoristas do transporte público de Campo Grande entraram em greve na manhã da última terça-feira (21). A decisão de fechar as garagens foi tomada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo (STTCU-CG), associação formada por motoristas que atuam em empresas de transportes, sem realização de assembleia. A paralisação ocorreu devido a privação do benefício quinzenal, referente a 40% do salário dos motoristas.
O anúncio oficial da paralisação foi publicado pelo administrador de uma página do Facebook, que representou os motoristas de ônibus da Capital. O texto da publicação destaca que a paralisação foi realizada devido ao esgotamento de recursos financeiros das empresas e atraso do benefício quinzenal. O pagamento pelo Consórcio Guaicurus estava previsto para segunda-feira (20). O consórcio de empresas justificou a ausência de pagamento por meio de ofício enviado ao Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo de Campo Grande.
O estudante do curso de Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Heitor Pantarotto utiliza transporte público todos os dias e teve dificuldades para chegar a tempo no trabalho. “Foi uma surpresa, eu estava no ponto esperando o ônibus há um tempo, logo me informaram que o terminal Guaicurus estava fechado. Tive que solicitar uma corrida rapidamente no aplicativo, porque precisava chegar no meu local de trabalho às 7h30”.
O comerciante Edmilson Nunes trabalha há 17 anos no Terminal Morenão e relata que se deparou com o Terminal vazio na manhã de terça-feira. “Chego no terminal todos os dias de manhãzinha, e essa greve pegou todo mundo de surpresa, até mesmo os motoristas que estavam trabalhando de plantão”. Nunes ressalta que é a quarta greve que ele vivencia em todos esses anos que trabalha no Terminal e que a paralisação deve ser feita sem prejudicar os trabalhadores que utilizam o transporte público.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande (STTCU), Demétrio Ferreira informou que caso os motoristas ficassem sem pagamento do benefício do vale quinzenal, o serviço continuaria paralisado. No caso de greve, o transporte público deve ter prestação de serviços mínimos indispensáveis para a comunidade, de acordo com o art.11 da Lei n°7.783. O art. 13 da Lei também prevê a obrigação de comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 horas antes da paralisação.
A reunião realizada na tarde de terça-feira na sede da Prefeitura Municipal de Campo Grande, decidiu que 40% do adiantamento salarial dos funcionários do Consórcio, que deveria ter sido pago na última segunda-feira (20), será efetuado na próxima terça-feira (28). O advogado representante do Consórcio Guaicurus, André Borges disse que o presidente do Tribunal Regional de Campo Grande, Amaury Rodrigues Pinto Júnior determinou o retorno imediato de 80% da frota de ônibus da Capital, sob pena de multa diária de R$200 mil. As atividades do transporte público voltaram a funcionar normalmente na manhã desta quarta-feira (22).