TRÂNSITO

Obrigatoriedade do simulador deve aumentar em 25% o preço da CNH

Os proprietários das autoescolas são contrários a obrigatoriedade e afirmam que os clientes poderão pagar até R$ 500 a mais na aquisição da primeira habilitação.

Adrielle Santana20/11/2015 - 15h28
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A partir do dia 1º de dezembro, quem deseja adquirir a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) na categoria B, deve se preparar para pagar mais caro. Passa a valer a obrigatoriedade do uso do Simulador de Direção Veicular, que deve aumentar o preço da habilitação em cerca de 25% em Campo Grande, de acordo com as autoescolas. O  Sindicato dos Centros de Formação de Condutores do Estado de Mato Grosso do Sul (SINDCFC/MS) afirma que aparelho não pode ser justificativa para aumento de preços da habilitação

O aparelho que reproduz a direção veicular para o aluno foi estabelecido como elemento obrigatório pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), em julho deste ano. O Conselho determinou que até 31 de dezembro, os Centros de Formação de Condutores (CFCs) do Brasil regularizassem a situação. O Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran/MS) publicou portaria no Diário Oficial do Estado a antecipação da obrigatoriedade do uso dos aparelhos no Estado, para 1º de dezembro.

Os proprietários das autoescolas são contrários a obrigatoriedade do uso dos simuladores, afirmam que os clientes poderão pagar até R$ 500 a mais na aquisição da primeira habilitação.

Conforme o gerente da autoescola Mônaco, Jairo Ricci, a situação não favorece o aluno ou a empresa, pois com a elevação dos preços, deve ocorrer uma queda no fluxo de clientes. “O aparelho só provoca o encarecimento do serviço, sem benefício, porque não há uma pesquisa que prove que é eficaz. Em dezembro a CNH aqui deve custar até R$500 a mais, em razão do simulador e nós já estamos prevendo queda de 20% da clientela para o próximo mês”.

Ricci defende que o aluno deve aprender com a prática no veículo, pois a simulação pode trazer uma falsa segurança para a pessoa. “No videogame é tudo muito fácil, mas enfrentar o dia-a-dia na rua é complicado”.

Segundo presidente do Sindicato dos Centros de Formação de Condutores, Wagner Prado, a capital contará com 12 simuladores para atender 49 CFCs. Os aparelhos são alugados em São Paulo, por um valor aproximado de R$ 40 mil cada. Ao total, cerca de R$ 3 milhões foram investidos.

De acordo com Ricci, "o valor do aluguel será repassados para as auto-escolas e a quem busca a CNH, ou seja, a obtenção do documento fica ainda mais cara”. O presidente do Sindicato garante que os simuladores não devem encarecer as CNHs no Estado e caso isso aconteça, é de responsabilidade dos CFCs que encarecem outros serviços. "Eu não posso proibir um aumento caso eles resolvam encarecer o serviço, porque não há uma tabela de preços, mas as aulas no aparelho são mais baratas que em um automóvel, então não deve encarecer o serviço".

Na autoescola Líder, a gerente Liz Natália alega que nos últimos dias o fluxo de cliente no local aumentou, em razão da novidade do simulador. “As pessoas já estão cientes que terão que desembolsar um dinheiro a mais para adquirir a habilitação e estão antecipando o processo para não ter que pagar mais caro depois. Nessas últimas semanas nós sentimos essa diferença”.

Liz Natália aponta que os clientes estão preocupados com a delonga no processo para tirar a habilitação, “pois são poucos aparelhos”. Na empresa a CNH deve encarecer cerca de R$300 a partir de dezembro.

O que muda?

O candidato a motorista deve passar no exame teórico e na avaliação médica. Depois, deve fazer treinamento no simulador por no mínimo cinco horas/aula. Somente após essa fase é que a pessoa inicia as aulas em um carro com mínimo de 20 horas/aula.

Ao total, o aluno precisa fazer 25 horas-aula práticas, cinco no simulador e 20 no veículo da autoescola, quatro à noite e cinco horas/aula no simulador, uma delas no modo noturno.

A Diretora de Ensino do simulador, Daliane Gênova, responsável por acompanhar os alunos durante as aulas, diz que o aluno, no simulador, passa por situações de imprevistos que não podem, muitas vezes, serem realizadas no trânsito.

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