MOTORISTAS APLICATIVO

Pandemia de covid-19 impacta o trabalho dos motoristas de aplicativo em Campo Grande

Alta no preço da gasolina e no aluguel de carros, tarifas promocionais e risco de contágio afetam o trabalho da categoria neste período de pandemia

Giovanna Silva, Mariely Barros e Patrick Rosel14/06/2021 - 10h49
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O período de pandemia afetou o trabalho dos motoristas de aplicativo de Campo Grande. Os motoristas apontam que a falta de materiais de biossegurança contra o coronavírus, a alta no preço dos combustíveis e nos aluguéis de carros e viagens com tarifas promocionais impactaram o serviço. O relatório produzido pelo Grupo Pesquisa Mundo do Trabalho e Teoria Social da Universidade de Brasília (UnB) “Análise da pesquisa nacional por amostra de domicílios (PNAD) - covid-19” de novembro de 2020 sobre motoristas de aplicativo, mostra que a categoria trabalha cerca de 44 horas semanais em Mato Grosso do Sul.

Os motoristas relatam que a alta no preço da gasolina tem impactado a rotina de trabalho. O Painel Dinâmico de Preços de Combustíveis e Derivados do Petróleo da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostra que o preço médio mensal da gasolina em março deste ano estava em torno de R$5,567 em Campo Grande. Houve um aumento de aproximadamente 27% no valor da revenda dos combustíveis se comparado ao mesmo mês de 2020.

O “Motoristas MS” é um grupo formado por cerca de 100 motoristas e tem o objetivo de garantir os direitos da categoria e proporcionar melhores condições de trabalho. Segundo o fundador do Motoristas MS e ex-diretor-social da União dos Motoristas de Aplicativo de Campo Grande (Uma), Johnnathan Jara os motoristas trabalham em contato direto com a população e reclamam da falta de materiais de biossegurança contra o coronavírus fornecido pelas empresas. O grupo pretende distribuir kits de biossegurança, promover palestras de prevenção à covid-19, parcerias com empresas locais e incentivar campanhas de doação de sangue entre a categoria.

De acordo com Johnnathan Jara, o Motoristas MS surgiu após a União dos Motoristas de Aplicativo de Campo Grande acabar no dia 11 de junho, um dos motivos da associação encerrar foi a desunião da categoria. Os motoristas pedem o fim de viagens promocionais da modalidade “Uber Promo” e “99 Poupa”, que segundo ele prejudicam a categoria. Jara afirma que motoristas que alugavam carros para trabalhar deixaram de realizar corridas devido ao aumento do preço da gasolina. “Hoje vemos aluguel por semana entre R$400,00 a R$600,00, gasolina a R$5,50 e corridas com preços baixos, até para quem tem carro próprio a manutenção é alta.”

Segundo o motorista de aplicativo, Victor Prado a principal dificuldade de trabalhar na áera durante a pandemia é a falta de segurança. Muitos passageiros desrespeitam as regras de distanciamento social imposta pelas empresas, ao entrar no carro sem máscara, sentar no banco da frente e aglomerar dentro do veículo. Para ele, a queda do número de clientes nas plataformas e o aumento no preço da gasolina fizeram com que ele e seus colegas de profissão trabalhassem por um período maior para conseguirem lucro. “Eu trabalho em média 10 horas por dia, sem parar para almoçar, porque na hora do almoço tem bastante movimento. Eu paro no máximo para comer um salgado, o fato de muitos estabelecimentos estarem fechados fez o movimento cair bastante”.

Conforme o motorista de aplicativo, Diogo Vasconcelos as empresas deixaram de fornecer materiais de biossegurança contra a covid-19 e realizam reembolso para esses gastos se o motorista enviar a nota fiscal. A Uber reembolsa R$39,00 reais mensais e a 99 Pop R$40,00 reais a cada 30 dias. Vasconcelos afirma que existe um serviço de higienização do carro e instalação de divisória de proteção, por meio de agendamento onde o valor a ser pago depende da categoria de cada motorista. Segundo ele, o seu rendimento financeiro diminuiu e os gastos com gasolina, pneus e mão de obra de mecânicos aumentaram na pandemia.

Segundo o presidente da Associação de Parceiros de Aplicativos de Transporte de Passageiros e Motoristas Autônomo de Mato Grosso do Sul (Applic-MS), Paulo Pinheiro os motoristas pedem ao Poder Público ações de prevenção ao contágio de covid-19 desde o início da pandemia, por trabalharem em contato direto com a população. “Solicitamos a imediata aplicação da vacinação para a categoria, pois estamos em constante exposição ao risco de contágio e mais segurança com relação a assaltos e sequestros”. Pinheiro cita a falta de assistência das empresas com os servidores. “As plataformas não oferecem equipamentos de proteção, nem máscaras e muito menos álcool em gel, temos que comprar”.

Para o presidente da Applic-MS, o aumento no preço da gasolina resultou na diminuição do número de motoristas na Capital durante a pandemia. “O principal vilão sem dúvida é o aumento diário dos combustíveis, muitos migraram dos veículos para as motocicletas, pois os ganhos são praticamente os mesmos e a economia é bem maior”. Segundo Pinheiro, a Applic-MS divulga diariamente medidas de segurança por meio da mídia e dos grupos. A Associação solicita aos motoristas que transportem passageiros somente nos bancos traseiros com número máximo de três pessoas, com vidros abertos e uso obrigatório de máscaras.

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