O período de pandemia afetou o trabalho dos motoristas de aplicativo de Campo Grande. Os motoristas apontam que a falta de materiais de biossegurança contra o coronavírus, a alta no preço dos combustíveis e nos aluguéis de carros e viagens com tarifas promocionais impactaram o serviço. O relatório produzido pelo Grupo Pesquisa Mundo do Trabalho e Teoria Social da Universidade de Brasília (UnB) “Análise da pesquisa nacional por amostra de domicílios (PNAD) - covid-19” de novembro de 2020 sobre motoristas de aplicativo, mostra que a categoria trabalha cerca de 44 horas semanais em Mato Grosso do Sul.
Os motoristas relatam que a alta no preço da gasolina tem impactado a rotina de trabalho. O Painel Dinâmico de Preços de Combustíveis e Derivados do Petróleo da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostra que o preço médio mensal da gasolina em março deste ano estava em torno de R$5,567 em Campo Grande. Houve um aumento de aproximadamente 27% no valor da revenda dos combustíveis se comparado ao mesmo mês de 2020.
O “Motoristas MS” é um grupo formado por cerca de 100 motoristas e tem o objetivo de garantir os direitos da categoria e proporcionar melhores condições de trabalho. Segundo o fundador do Motoristas MS e ex-diretor-social da União dos Motoristas de Aplicativo de Campo Grande (Uma), Johnnathan Jara os motoristas trabalham em contato direto com a população e reclamam da falta de materiais de biossegurança contra o coronavírus fornecido pelas empresas. O grupo pretende distribuir kits de biossegurança, promover palestras de prevenção à covid-19, parcerias com empresas locais e incentivar campanhas de doação de sangue entre a categoria.
De acordo com Johnnathan Jara, o Motoristas MS surgiu após a União dos Motoristas de Aplicativo de Campo Grande acabar no dia 11 de junho, um dos motivos da associação encerrar foi a desunião da categoria. Os motoristas pedem o fim de viagens promocionais da modalidade “Uber Promo” e “99 Poupa”, que segundo ele prejudicam a categoria. Jara afirma que motoristas que alugavam carros para trabalhar deixaram de realizar corridas devido ao aumento do preço da gasolina. “Hoje vemos aluguel por semana entre R$400,00 a R$600,00, gasolina a R$5,50 e corridas com preços baixos, até para quem tem carro próprio a manutenção é alta.”
Segundo o motorista de aplicativo, Victor Prado a principal dificuldade de trabalhar na áera durante a pandemia é a falta de segurança. Muitos passageiros desrespeitam as regras de distanciamento social imposta pelas empresas, ao entrar no carro sem máscara, sentar no banco da frente e aglomerar dentro do veículo. Para ele, a queda do número de clientes nas plataformas e o aumento no preço da gasolina fizeram com que ele e seus colegas de profissão trabalhassem por um período maior para conseguirem lucro. “Eu trabalho em média 10 horas por dia, sem parar para almoçar, porque na hora do almoço tem bastante movimento. Eu paro no máximo para comer um salgado, o fato de muitos estabelecimentos estarem fechados fez o movimento cair bastante”.