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Prefeitura atrasa projeto de revitalização do centro de Campo Grande

A proposta tem como objetivo padronizar a fachada das lojas e melhorar o fluxo de pedestres

Daiana Porto e Giovana Silveira28/11/2016 - 12h00
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As obras do projeto de revitalização da área do centro comercial da Prefeitura Municipal de Campo Grande, prevista para iniciar no segundo semestre de 2015, estão atrasadas . Em setembro deste ano, em reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), foi aprovada uma operação de crédito para a prefeitura de Campo Grande receber US$ 56 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o financiamento parcial da reestruturação da área central da cidade.

Segundo informações da cartilha "Programa Viva Campo Grande II", desenvolvida pela coordenadora da Central de Projetos da Prefeitura, Catiana Sabadin, serão investidos R$ 60 milhões no "Programa Viva Campo Grande II", projeto de revitalização do centro comercial, que renovará a rua 14 de Julho e as ruas transversais, com obras de pavimentação e drenagem e retirada da faixa de estacionamento para ampliação das calçadas. 

O plano de revitalização concluído é o "Reviva o Centro", firmado pela lei complementar nº 161, de 20 de julho de 2010 pelo prefeito Nelson Trad Filho por meio do Decreto nº 11.510, de 23 de outubro de 2011. Os comerciantes reformaram as fachadas dos estabelecimentos para melhorar a poluição visual do comércio e estabelecer um padrão entre as lojas.

Plano de Revitalização do Centro de Campo Grande tem como objetivo valorizar o espaço público, com novas regras de fachada e publicidade aos empreendimentos localizados na Zona Especial de Interesse Cultural (ZEIC). Para a reforma das fachadas, a Prefeitura dividiu o projeto em quatro etapas. A primeira teve início em junho de 2011, e a quarta, e última, acabou em setembro de 2012. Os comerciantes que não se adequaram aos novos padrões pagaram multa de no mínimo R$ 5000.

De acordo com o diretor de assuntos jurídicos da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Dijalma Mazali, houve reclamações dos lojistas sobre as mudanças e a paralisação na execução do projeto. “O centro ficou com um ar de abandonado, essa é a sensação de muitos lojistas. E agora com a informação de que o projeto vai ser concluído, existe uma expectativa positiva de que o centro vai ser moderno por um lado e histórico, por outro lado. A expectativa da CDL é que o centro seja revitalizado plenamente, fique bonito e aconchegante para as pessoas passearem e fazerem suas compras por lá”.

O dono das Óticas Guanabara, Roberto Nakasse, trabalha há 41 anos na rua 14 de julho e diz que está otimista em relação à revitalização “Se concretizar, é ótimo. Não sei como vai ser, mas desde que façam uma coisa bem-feita é sempre válido, pensar no futuro.” Em 2013, o proprietário gastou R$ 30.000 para adequar a fachada da loja aos novos padrões estabelecidos.

Segundo o professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Ângelo Arruda, a proposta de restauração do centro surgiu de um projeto de padronização das fachadas criado em São Paulo. O projeto serviu de incentivo para que a prefeitura de Campo Grande adotasse essas medidas para a mudança das fachadas. “Alguns colegas já denunciavam em artigos que havia diversos prédios históricos importantes no centro da cidade encobertos por um excesso de propagandas e placas. Essa carona na prefeitura de São Paulo com as intenções anteriores favoreceram que a prefeitura construísse um plano de revitalização no centro que não tinha só a revitalização das fachadas como principio, mas também melhorar as condições de mobilidade, acessibilidade, infraestrutura, iluminação, esgoto, drenagem, tudo isso faz parte do pacote do plano de revitalização”.

Segundo o professor, o motivo do debate entre os comerciantes é porque a prefeitura ainda não cumpriu sua parte no projeto. “No projeto, a prefeitura também se encarregaria de fazer investimentos no centro da cidade para melhorar o conjunto geral do aspecto do centro, inclusive com segurança também. O centro da cidade ainda não ter recebido os investimentos é que está provocando nos comerciantes uma discussão que a meu ver são descabidas, porque o bem público tombado é um bem de todos, um bem da cidade”.

 

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