O Centro POP atende a área central da cidade, foco do projeto Campo Grande Acolhedora. Segundo o coordenador, a iniciativa é um conjunto de ações integradas que leva atividades e oportunidades aos centros de acolhimento para pessoas em situação de rua. Ele ressalta a necessidade de mais iniciativas para integrar as políticas públicas. "A população de rua demanda de ações integradas entre políticas públicas. Nós não podemos pensar apenas na política de assistência social e política de saúde, que fazem seu trabalho, nós temos que chamar outras políticas e garantias de direito para que possamos conseguir minimizar essa situação que é crescente".
O Centro Comercial Condomínio Terminal do Oeste, localizado na antiga rodoviária, foi o primeiro de Campo Grande, por se tratar de um local que contém salas comercias. A síndica do Centro Comercial, Rosane Nely Lima afirma que quando a rodoviária era ativa o movimento do comércio era de cinco mil pessoas por dia. Após a rodoviária ser desativada, em 2010, o impacto econômico gerado foi grande e o moradores de rua passaram a ocupar o local. “Devido a retirada da rodoviária muitos comércios, principalmente os da frente da plataforma de embarque e desembarque, fecharam todos, teve um impacto econômico e um abandono do espaço. Hoje a gente tem um problema social muito grande em torno do prédio que causa preocupação e insegurança”.
Segundo Rosane Lima, "a situação atual do prédio e a da região causam problemas no comércio do local. A gente não consegue mais locar as salas, nem vender. Os proprietários por sua vez não conseguem pagar suas dívidas de condomínio e IPTU, por conta da sala estar fechada há muito tempo. Já são oito anos que a rodoviária saiu dali e não tem nenhum projeto para essas áreas públicas”.
Rosane Lima procurou a Subsecretaria de Defesa de Direitos Humanos para solucionar o problema. O projeto Programa de Ação Integrada e Continuada surgiu com parceria entre entidades e organizações que trabalham com pessoas em situação de rua, igrejas, e secretarias públicas. O Centro Comercial ofereceu salas para as equipes trabalharem no local. Rosane Lima afirma que hoje existem mais de mil moradores de rua e usuários de drogas no centro da cidade.
A síndica ressalva que a maioria dos comerciantes que estão no prédio aprenderam a conviver com os moradores de rua, eles esperam que o projeto resolva o problema e que as áreas públicas sejam ocupadas para valorizar o comércio. Ela explica que todos as noites, oito carros de diferentes igrejas levam alimentos, roupas e calçados para os moradores de rua, o que atrai cada vez mais pessoas em situação de rua e usuários de droga para a região. “Assim como eles e os usuários têm direitos, nós trabalhadores também temos o direito de ter o nosso comércio funcionando, de trabalhar dignamente. Essa decadência que está acontecendo aqui no entorno prejudica muitos trabalhadores. O comércio está morrendo com esse problema”.
O jornalista Leopoldo Neto reside na região central da cidade e destaca a importância do projeto para alguns moradores de rua na região. "Quando eu me locomovo no centro, em alguns lugares eu encontro pessoas que fazem parte desses dois grupos [moradores de rua e usuários de drogas], tanto na região da antiga rodoviária, quanto na da Praça Ary Coelho". Para ele, o projeto é importante para tratar o problema social, insuficiente para resolver o problema. "É um projeto interessante, mas acredito que a solução tenha que ser interdisciplinar, multidisciplinar e tenha que envolver todos os setores da sociedade".