MEIO AMBIENTE

Queimadas no Pantanal caíram 25,69% em comparação a 2020

Relatório do Centro de Monitoramento do Clima aponta queima de 997.750 hectares no bioma em 2021

João Vitor Barbosa, Mayara Gabrielle, Patrícia Martins e Simone Gallassi10/10/2021 - 15h00
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Os incêndios florestais destruíram mais de um milhão de hectares do Pantanal, o que corresponde a 26% do bioma em 2020. Este ano, os focos de calor diminuíram 39,79% com média de chuva 40% menor do que no ano passado. Os dados do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec) apontam que o trabalho do Corpo de Bombeiros contribuiu para a redução de queimadas em Mato Grosso do Sul.

O Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMMS) atendeu, entre janeiro e outubro de 2021, 4.698 ocorrências na região do Pantanal, que registrou queima de 1.342.725 hectares no ano passado e 997.750 em 2021. A redução indica a efetividade das ações realizadas pelos bombeiros militares para prevenir e reduzir os incêndios florestais em todo o Mato Grosso do Sul. Os bombeiros usam técnicas como prevenção e Manejo Integrado do Fogo (MIF) para combater os focos de incêndio.

Desde abril, o Corpo de Bombeiros realiza o combate aos incêndios no Pantanal por meio do plano de operações que atua na prevenção nos parques de Mato Grosso do Sul. As queimadas no bioma sul-mato-grossense caíram 25,69% em comparação ao mesmo período do ano passado. O Corpo de Bombeiros incluiu mais bombeiros militares na corporação e abriu novas unidades operacionais para a Temporada de Incêndios Florestais - 2021 (TIF/21) que faz parte do plano de operações do estado de Mato Grosso

Mapa mostra os focos de incêndio de 2020 
Mapa mostra focos de incêndio no Pantanal em 2020 (Divulgação/Lasa)

O médico-veterinário e coordenador do Programa Felinos Pantaneiros do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Diego Francis Viana resgatou a onça Joujout com as patas queimadas em novembro do ano passado. O animal voltou a ser visto em meio à natureza, mais especificamente na Serra do Amolar, nas proximidades da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Acurizal. "Hoje a Serra do Amolar é minha segunda casa e o lugar que dedico minha vida para proteger". 

O IHP tem sede em Corumbá, Mato Grosso do Sul e tem como programa principal a Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar (Rede do Amolar), criado em 2008. A finalidade do programa é propor ações de gestão integrada entre organizações parceiras. O objetivo é proteger 276 mil hectares na região Pantaneira.

O Tenente Carlos Saldanha afirmou que cinco equipes foram enviadas para combater os incêndios florestais no mês de abril. Segundo tenente Saldanha, houve monitoramento diário de focos de calor para prevenir os incêndios. Cerca de 250 militares foram capacitados para combater o fogo no Pantanal.

Criação do Gretap

O Governo do Estado de Mato Grosso do Sul instituiu o Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap) para coordenar resgate de animais silvestres. A Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familia (Semagro), por meio do Gretap, soluciona as ações emergenciais de socorro aos animais vítimas dos incêndios florestais ocorridos no Pantanal e unidades de conservação de Mato Grosso do Sul. Para o assessor militar da Semagro, coronel Valdemir Moreira, surgiram mudanças na forma de trabalho dos bombeiros. ''A borda do incêndio era a maior preocupação. Os bombeiros combatiam apenas os incêndios florestais e resgatar animais se tornou um protocolo''.

Equipes do CBMMS foram enviadas para essas regiões com o intuito de orientar a população para fazer aceiro, oferecer instrução de primeiros socorros e promover a conscientização ambiental. Segundo coronel Moreira, existem dificuldades na identificação da causa da morte de animais silvestres encontrados na natureza.  "Muitas vezes você não consegue identificar os animais que morrem pela seca ou pelos incêndios, ou seja, propriamente pelo incêndio ou pela seca naquela área queimada".

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Resgate das onças pelo grupo Gretap (FOTO: Divulgação Gretap)

De acordo com o coronel Moreira, brigadistas e bombeiros necessitam se deslocar por grandes distâncias para conseguir água e combater os focos em regiões inacessíveis do Pantanal, devido à diminuição dos níveis de água. Brigadas permanentes e comunitárias atuam nas situações de incêndio. Essas ações foram realizadas na fase de prevenção e preparação, de abril a junho, e a partir de julho iniciou-se a fase da atuação dos militares em Corumbá na Operação Hefesto, que está em vigor há 80 dias no combate aos incêndios de forma terrestre e aéreo. 

Situação do Pantanal sul-mato-grossense em 2021

Mapa dos focos de incêndio no Pantanal em 2021 até o momento (Divulgação/Lasa)

O coronel Moreira afirma que as queimadas no Pantanal são cíclicas. "Estamos prevendo que, nos próximos cinco anos continuaremos  com a crise hídrica, pois o Pantanal é uma planície inundada, agora estima-se que 70% da água do pantanal sumiu''. Segundo o coronel Moreira, Mato Grosso Sul enfrentou ciclos com 15 anos de seca seguidos de 15 anos de cheia.

O trabalho realizado pelo Gretap possibilitou a atualização dos protocolos de combate de incêndios, o que reduz os focos de calor, viabilizou  o resgate técnico de animais vitimados pelas queimadas, como foi o caso da onça Joujout. De acordo com coronel Moreira, há a expectativa de que os resgates técnicos aumentem e a colaboração de instituições envolvidas como Semagro e Instituto Homem Pantaneiro (IHP) consolidem-se na preservação do bioma Pantaneiro.

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