MEIO AMBIENTE

Tempestade de poeira transforma o dia em noite em Mato Grosso do Sul

Temporal causou estragos em construções, quedas de árvores, explosão de transformadores de energia, destelhamentos e mortes em naufrágio de barco-hotel

Alicce Rodrigues, Ana Klara Tortoza, Feyth Jaques, Waldir Rosa18/10/2021 - 15h13
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Tempestade de poeira com fortes ventos e chuvas atingiu Mato Grosso do Sul durante a tarde de sexta-feira, 15 de outubro. O céu escureceu na Capital às 15h00 com nuvens marrons que cobriram a cidade. O temporal causou estragos como quedas de árvores, danos na rede elétrica e naufrágio de um barco com 21 tripulantes no Rio Paraguai, na cidade de Corumbá. Sete pessoas morreram, quatro da mesma família. O fenômeno também aconteceu em regiões de São Paulo e Minas Gerais no final de setembro.

Conforme a MetSul Meteorologia, os ventos chegaram a 94 Km/h e a temperatura caiu de 33ºC para 18ºC durante a tempestade. A prefeitura de Campo Grande informou que mais de 150 árvores caíram por todo o município. A Energisa, empresa que distribui energia elétrica para 74 municípios de Mato Grosso do Sul, informou em nota divulgada no Facebook que recebeu quatro mil ocorrências durante o temporal e foi a situação mais grave registrada em oito anos de atendimento no Estado. O prefeito de CorumbáMarcelo Iunes decretou três dias de luto oficial na cidade pela tragédia com a embarcação no Rio Paraguai.

Segundo a meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Maisa de Souza quando a chuva cai, após um longo período de estiagem e temperaturas elevadas, os ventos aceleram e, ao encontrarem o solo quente, seco e com muita areia, forma-se uma nuvem de poeira que é arrastada com a ventania. A probabilidade de um novo episódio de tempestade de poeira é baixa enquanto o solo permanecer molhado das chuvas, com a volta do período de seca pode ocorrer novamente. De acordo com a meteorologista da Metsul Meteorologia, Estael Sias esse fenômeno é chamado mundialmente de habub.

Mario Shiguematsu é morador de Campo Grande há 14 anos e diz que essa é a primeira vez que vê uma tempestade dessa forma. “Ouvi barulhos muito altos de árvores caindo, pessoas correndo pela rua, a luz demorou mais de 14 horas para voltar, parecia filme”. A sócia da padaria Padarelli, Fernanda de Brito presenciou a fachada do estabelecimento ser parcialmente destruída por uma árvore durante o temporal. “Ninguém se machucou, mas meu vizinho já tinha notado que a árvore apresentava riscos e fez mais de cinco solicitações na prefeitura para a retirada, e sempre diziam que ela estava em perfeito estado”.

IMG_6777_jpgParte de fachada de padaria na Avenida Marquês de Lavradio foi destruída pela queda de árvore durante a tempestade (Foto: Alicce Rodrigues)

Segundo o coordenador da Defesa Civil Estadual e tenente-coronel, Fábio Catarinelli o sinal de alerta para risco de tempestade foi emitido às 11h00 e enviado via SMS para a população. Naviraí, Japorã, Itaquiraí, Bataiporã, Dourados, Sidrolândia, Corumbá e Campo Grande foram os municípios que relataram mais prejuízos. “Os principais registros foram relacionados à quedas de árvores, obstrução de vias, falta de energia elétrica e destelhamentos de prédios públicos e residências”.

Primeira Notícia · Coordenador da Defesa Civil Estadual, Fábio Catarinelli explica orientações em caso de tempestades

Para o professor da Universidade Anhaguera Uniderp, Gilberto Facco a magnitude da tempestade de areia está relacionada às alterações climáticas. Em condições ambientais mais conservadas, o fenômeno causaria menos impactos. “Não tínhamos visto em nossa cidade tal fenômeno até então, mas com o avanço do desmatamento, aumentando os índices de poluição e uma estiagem recorde, podemos sim associar a tempestade à mudanças do nosso meio ambiente. Uma alternativa é aplicar práticas de conservação ambiental enquanto ainda há tempo”.

Peça ajuda nos seguintes telefones em situações de prejuízos causados por tempestades:

Defesa Civil   (67) 2020-1389 ou 199 -

Bombeiros 193 -

Centro Integrado de Operações de Segurança (CIOPS) (67) 3318-4500

Energisa 0800-032-0196 ou atendimento pelo WhatsApp (67) 99980-0698

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