Há pouco mais de cem anos desembarcavam no Brasil cerca de 800 de japoneses, com a intenção de trabalhar nas lavouras de café brasileiras. Em Mato Grosso do Sul, a Colônica Jamic, de descendentes japoneses, comemorara o 105° aniversário da imigração japonesa, celebrado no último dia 18, com a maior produção de ovos do Centro-Oeste, com cerca de 550 milhões por mês. A colônia está localizada em Terenos, a 50 km da capital, Campo Grande.
Em 1957, um grupo de imigrantes vindos do Japão após a Segunda Guerra Mundial recebeu da Agência Internacional de Cooperação do Japão (JICA) uma porção de terras, na região de Várzea Alegre, distrito de Terenos, como incentivo à vinda ao Brasil. Em 36 mil hectares, 35 famílias se uniram e deram origem à Colônia Jamic. Para organizar e facilitar a administração, três anos depois o grupo criou a Cooperativa Agrícola Mista de Várzea Alegre (CAMVA).
De acordo com o Reinaldo Kurokawa, diretor administrativo da cooperativa, hoje são 25 famílias associadas que produzem diariamente 612 mil ovos. A coleta é feita pela Camva, que possui na região uma unidade de recolhimento. Diariamente, um caminhão passa de fazenda em fazenda para recolher os ovos produzidos. A produção é transportada para o galpão de seleção e preparo para distribuição. Os ovos passam pelo processo de seleção, pesagem, lavagem e embalagem.
Com cerca de 60 funcionários, a indústria possui duas grandes máquinas, que sozinhas, são responsáveis por todo o processo. Em torno de 8% a 10% do total da produção, são vendidas a baixo custo para as indústrias de quebra, que produzem o ovo em pó ou revendem para grandes fábricas alimentícias, como as de pães, macarrão e maionese.
Os ovos que chegam quebrados ao galpão são separados em clara e gema, e depois de congelados são transportados para as fábricas. Após a seleção e embalagem, os ovos são distribuídos principalmente para Corumbá, Dourados, Ponta Porã, Cuiabá e Rondonópolis, onde há a redistribuição às cidades vizinhas. Há 30 anos, a cooperativa investiu na fábrica de ração para aves, e agora pretende inaugurar a nova fábrica.
Com financiamento do BNDES, o empreendimento irá substituir o atual, próximo a BR-262, saída para São Paulo. De acordo com Kurokawa, a intenção dessa aquisição é reduzir os gastos quanto ao transporte e distribuição da ração produzida. Ele relata que hoje, três caminhões não são suficientes para atender todas as propriedades adequadamente.
A produção é destinada prioritariamente para a colônia Jamic, uma vez que há um acordo entre cooperativa e produtores, em que é descontado o consumo de ração sobre a produção de ovos.
Granjas
Cada propriedade possui no mínimo três galpões para manter a produção. Um deles serve como pinteiro, onde ficam os animais de um a 45 dias. Em seguida, os animais com mais de 45 dias são transferidos para gaiolas, onde ficam confinadas. Neste galpão, as galinhas são preparadas para a idade produtiva. Seus bicos são cortados para que todos os nutrientes da ração sejam digeridos, uma vez que com o bico, elas tendem a realizar a catação de determinados grãos.
No terceiro galpão as galinhas estão prontas para a produção dos ovos. Kurokawa tem sua criação distribuída em 152 metros de granja, e sua produção diária atinge 90 caixas por dia. O diretor administrativo busca sempre potencializar sua produção, por isso investiu em máquinas que agilizam a coleta dos ovos. Ele salienta que o primeiro passo dado pela sua família foi muito importante, mas é necessário se manter atualizado e sempre inovar para dar continuidade à produção.
Assim como Kurokawa, alguns produtores ainda optam pela criação de codornas. Ele possui também dois galpões para os animais. Com apenas dois dias, as codornas são mantidas em uma espécie de estufa, sob temperaturas entre 38º e 40º celsius. A produção destes ovos difere das galinhas,que eles passam somente pelo processo de embalagem no galpão de seleção.
Texto: Daniela Aguena
Fotos: Daniela Aguena e Eduardo Fregatto
Editor: Eduardo Fregatto