O Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos da Vila Carvalho realizou o Samba dos Mestres em comemoração ao Dia Nacional do Samba, no dia 2 de dezembro. O evento teve a presença de escolas de samba da capital, baterias universitárias, cantores e também de mestres das baterias das escolas Estácio de Sá e Mancha Verde. A escola de samba Unidos da Vila Carvalho, na véspera do evento, realizou uma oficina com mestres de bateria de Campo Grande, em parceria com a Liga das Entidades Carnavalescas de Campo Grande (Lienca).
O vice-presidente da Unidos da Vila Carvalho, Wlauer Carvalho afirma que o evento é uma forma de arrecadar fundos para a escola de samba. “O Samba dos Mestres é uma realização que a gente faz para conseguir fundos para colocar a escola na avenida”. Ele ressalta que o incentivo do governo é insuficiente para manter a escola de samba e que eventos são realizados para que a Vila Carvalho desfile anualmente no Carnaval. “O ano inteiro nós fazemos promoções, porque a ajuda do governo é bem-vinda, mas não supre o gasto que uma escola tem, então por isso que há essas promoções para a gente poder colocar a escola na avenida para buscar o título”.
O mestre da Bateria Medalha de Ouro, da escola de samba Estácio de Sá, do Rio de Janeiro, Reinaldo Chagas mais conhecido como Chuvisco, afirma que se surpreendeu com o cenário em ascenção do samba em Mato Grosso do Sul. “Ver que aqui em Mato Grosso do Sul tem um movimento tão grande com o samba está até me surpreendendo, eu acho isso muito maravilhoso, é muito bom para o samba e isso tem que crescer cada vez mais”.
Chagas ressalta que o samba é uma forma de resistência e que precisa ser preservado. “O samba não pode morrer, tem que crescer cada vez mais, porque o samba é resistência, então aonde eu vou que encontro pessoas que gostam do samba fico muito feliz, fico super satisfeito porque a gente tem que estar lutando pela bandeira do samba o tempo todo”.
A Vila Carvalho e a Liga das Entidades Carnavalescas de Campo Grande (Lienca) realizaram uma oficina com os mestres Chuvisco e Caju para mestres de baterias de Campo Grande. A Bateria Lunática, da Associação Atlética Acadêmica de Computação (Aaacomp) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) foi uma das baterias universitárias que participou da oficina e se apresentou no Samba dos Mestres.
O acadêmico do curso de Engenharia de Computação da UFMS e atual mestre da Bateria Lunática, Paulo Reis ressalta que as orientações ajudarão no desenvolvimento da bateria da atlética. "Eles deram dicas muito importantes sobre o que fazer nos ensaios, desde afinação de instrumentos até como lidar com ritmistas, como motivar as pessoas a irem aos ensaios, então eu acredito que isso vai ser muito bom para a formação e evolução da bateria daqui para a frente".
O acadêmico do curso de Sistemas de Informação da UFMS, um dos fundadores e ex-mestre da Lunática, João Carlos Nogueira conhecido como Café, relata que as baterias de samba das universidades estão em evolução. “Eu vejo pouquíssima coisa em relação ao samba mais próximo ao samba enredo, o samba de escola de samba no geral, vejo que tem bastante evento cultural de músicos que tocam samba, só que essa ramificação não é tão forte, e começou a crescer também nas universidades com a alta das baterias universitárias”.
De acordo Nogueira, a relação entre as baterias universitárias da capital é amigável. “De dois anos para cá todo mundo tem ficado muito próximo, inclusive além do pessoal da própria UFMS tem muita gente de fora, da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), da Uniderp que tem contato muito próximo com a gente, conversa, empresta instrumento, chama para tocar, enfim, é bem tranquilo”.
A Lienca é a associação representativa das escolas de samba da cidade desde 1981. O presidente da Lienca, Eduardo Neto explica que a Liga promove a cultura do samba na capital. “A Liga como entidade representativa das escolas, procura o apoio do poder público estadual e municipal para a realização dos eventos, visando manter viva a cultura do samba em datas comemorativas como o Dia da Consciência Negra, Dia Nacional do Samba, nos pré- carnavais, concurso de Rei Momo e Rainha, concurso de fantasias e desfiles de escolas de samba”.
(Foto: Gabriela Santos)
Campo Grande tem manifestações culturais de samba desde a década de 1960, quando os desfiles de escolas de samba aconteciam na Rua 14 de Julho, centro da cidade. Neto afirma que, na época, estes eventos eram recorrentes. “Não era somente no mês de fevereiro que as escolas entravam em atividades. Ao longo do ano já haviam eventos com muita roda de samba, como é nos dias atuais”. Ele ressalva que a tradição das escolas de samba tem sido preservada pelas comunidades familiares. “A maioria das escolas vem se mantendo graças ao esforço de familiares do fundadores dessas escolas, que resistem com muito sacrifício às dificuldades”.
A Lienca possui, atualmente, oito escolas de samba adulto e uma mirim filiada. O presidente afirma que há um grande engajamento do público. “Campo Grande está cada vez mais com público segmentado seja no sertanejo, no pagode, no samba ou no rock. Mesmo não tendo muito destaque na mídia convencional, há muita divulgação nas mídias alternativas e redes sociais, esses eventos têm um público cativo e com o samba não é diferente”.
Segundo a secretária-adjunta e superintendente de Cultura da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur) de Campo Grande, Laura Miranda o objetivo da Secretaria é criar políticas públicas dos movimentos culturais e do patrimônio cultural. De acordo com ela, o apoio à cultura muda conforme as prioridades em cada gestão. Laura Miranda explica que a Sectur tem relação de parceria com as escolas de samba e fornece apoio por meio da Lienca.