O Governo do Estado de Mato Grosso do Sul tem atrasado o pagamento para os projetos aprovados no edital do Fundo de Investimento de Cultura (FIC). De acordo com a diretora do Fórum Estadual da Cultura, Fernanda Teixeira esse atraso na remuneração atrapalha o desenvolvimento de atividades culturais dos grupos que tiveram seus projetos aprovados pelo edital, mesmo os que receberam.
O gerente do FIC, Ricardo Maia afirma que a causa do atraso na distribuição do recurso, desde o edital de 2015, é a crise financeira. Segundo Maia, ainda faltam R$ 2.200.000,00 a pagar, e que ainda em setembro de 2017 será efetuado o pagamento de mais da metade desse valor. A prioridade na partilha dos recursos é para projetos da sociedade civil, os projetos vinculados a prefeituras ficarão para a fase final de liberação.
Para o diretor do grupo Teatro Imaginário Maracangalha, Fernando Cruz, que recebeu o repasse, o atraso prejudica a produção da cultura no estado. “O atraso no pagamento é um prejuízo social imenso, porque toda a sociedade fica prejudicada, principalmente o público que não tem acesso ao que é de direito, a produção cultural desenvolvida no estado”. Para Cruz, o artista se programa para apresentar seu trabalho em determinado período, desde a elaboração do projeto, que sempre tem custo, à estratégia criada para estrear o trabalho, que traz prejuízo financeiro e material.
Para a coordenadora do grupo VAREJU de Dourados, Graciela Chamorro, que ainda não recebeu seu incentivo, o atraso ou não pagamento dos projetos acarreta em uma incerteza muito grande, pois o Estado precisa ser uma instituição com credibilidade. "Fica sempre a promessa que vai receber semana que vem, e essa incerteza fica difícil manter a credibilidade. Isso afeta o calendário das pessoas que estão envolvidas nesses projetos". O grupo tem um cronograma de apresentações em parceria com oito entidades, que entram no seu calendário e depois tem que desmarcar porque não será possível apresentar o espetáculo na data agendada, e isso gera falta de credibilidade entre as parcerias.
De acordo com a presidente do Fórum Estadual de Cultura, Fernanda Teixeira o prejuízo é grande para os artistas e trabalhadores. "O Fundo é o único recurso que a gente tem como política pública de estado para fomento da cultura. Sem o Fundo, muitos grupos tiveram que entregar seus espaços e outros até deixaram de existir porque tiveram que buscar outros trabalhos para sobreviverem". Fernanda Teixeira ressalva que o prejuízo social acontece em grandes proporções, pois é o FIC que possibilita levar a produção de arte a locais como as periferias, aldeias e assentamentos rurais. Desde que foi criado, o Fundo nunca ficou tanto tempo sem publicação de Edital. O último foi publicado em 2015.