Lucia Monte Serrat afirma que está previsto repasse de verbas do governo estadual para a manutenção de equipamentos como o sistema de ar-condicionado do Marco. A coordenadora do Marco ressalta que este é um dos principais problemas do local e que se o ambiente está muito quente, compromete a integridade das obras de arte do acervo. “Elas não podem ficar no muito calor, ou muito frio, porque senão elas vão se deteriorando”.
O diretor do Museu das Culturas Dom Bosco e professor do curso de História da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Dirceu Van Lonkhuijzen afirma que a preservação do patrimônio nos museus deve incluir a documentação do acervo para evitar que tragédias como a do Museu Nacional aconteçam nos museus sul-mato-grossenses. "É importante a gente ter a ideia macro de que o acervo não são só as peças, os objetos, e sim o conjunto que parte desde os documentos, imagens, fotografias, e outros materiais que estão agregados junto às diferentes coleções desses acervos".
Para Van Lonkhuijzen, a análise de condições ideais para exposição de objetos de material orgânico, como temperatura adequada, umidade, iluminação correta para que as cores permaneçam as mesmas, precisa ser feita e acompanhada por profissionais que trabalham com conservação de patrimônio e acervos públicos. "Muitas vezes uma luz quente em uma ave pode fazer com que as cores da pluma se percam. Já com o mineral não, é até interessante para ressaltar aquela cor e dar um brilho". Van Lonkhuijzen explica que um dos papéis dos museus é salvaguardar o patrimônio e que o hábito de visitá-los auxilia na manutenção e na administração das instituições.
O historiador e coordenador do Sistema Estadual de Museus de Mato Grosso do Sul, Douglas Alves afirma que o Ministério Público Estadual, em parceria com as prefeituras, realiza um levantamento para detalhar a situação das instituições responsáveis pelos prédios históricos e acervos culturais do estado. "O Ministério Público entrou em contato conosco porque ele tem essa função fiscalizadora e com isso estamos buscando novas informações. Devemos ter um laudo, algo mais concreto até o final do ano".
Segundo Alves, Mato Grosso do Sul necessita de uma política para destinação de recursos à museus ou instituições que administram prédios históricos. Para o historiador, se os gestores públicos tiverem sob sua responsabilidade a gerência de um recurso próprio para atividades de conservação, sejam municipais, estaduais ou federais, diminuiriam as chances de acontecerem tragédias como a do Museu Nacional. "Os recursos pra cultura precisam existir e eles precisam ser empregados na cultura. É necessário recurso para artistas, para eventos e para cuidar do patrimonio cultural".
A chefe da Divisão de Patrimônio Natural, Cultural e Arqueológico da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Campo Grande, Joelma Arguelho explica que, para evitar tragédias como a do Museu Nacional, os técnicos realizam e participam de capacitação na área de museologia, arquivologia, zeladoria, conservação dos bens edificados e educação patrimonial. "A preservação consiste em ações periódicas e não apenas em intervenção de restauro. Para um edifício manter sua integridade física é necessário um processo composto de noções de conservação preventiva, zeladoria, manutenção constante e diagnóstico de danos".