MOTO GRUPO

Moto Grupo quebra estigma de marginalidade de motociclistas

Boletim do Detran mostra que 60% das vítimas fatais no trânsito são motociclistas

Juliana Peruchi e Maitê Campos29/06/2014 - 19h16
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boletim do mês de abril deste ano do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MS) mostra que os motociclistas são as maiores vítimas em acidentes de trânsito, em Campo Grande. As vítimas fatais somam 60%.  Segundo o editor-chefe do jornal eletrônico Equilíbrio em Duas Rodas, Fábio Magnani, esses altos índices contribuem para o surgimento de perfis negativos da classe. "Todo motociclista ouve a lista todos os dias: a moto é perigosa, fácil de ser roubada, pouca capacidade de carga, traz consigo o estigma da marginalidade que inevitavelmente suja os seus passageiros".

O coordenador comercial e motociclista, José Neto, acredita que, “o estereótipo do motoqueiro rebelde e marginal vem principalmente do cinema norte-americano, mas muitos moto clubes que surgiram na segunda metade do século passado também contribuíram com isso. A Associação Americana de Motociclística, AMA, divulgou uma pesquisa durante essa época que demonstra que, apenas 1% dos usuários eram bandidos e marginais. Os outros 99% eram pessoas boas. Por ironia os integrantes dos motos clubes tradicionais decidiram bordar em seus coletes um losango com o símbolo "1%" ou mesmo tatuando em suas peles para mostrar para a sociedade que eram marginais”.

Os moto grupos mostram que a realidade é outra. Um exemplo é o  Sem Destino. Para o integrante Luiz Santos, “o moto grupo é mais uma família, uma extensão da nossa família de casa. Então é gostoso, estamos sempre juntos, companheiros da estrada e brincadeiras. É o único momento em que você sente relaxado, esquece-se de tudo que pode imaginar de problema e só pensa em alegria e divertimento. A estrada para nós é uma curtição”.

O Moto Grupo Sem Destino foi criado em 2000 e se define como, “um grupo de amigos apaixonados por suas máquinas, pelo asfalto, pela natureza e com o objetivo em comum de vencer distâncias e fronteiras; um grupo que tem o mesmo ideal e a mesma liberdade de cruzar as estradas da vida”.

O grupo faz duas viagens por mês e um jantar para contribuir com a integração, também realizam festas com o intuito de arrecadar dinheiro para doações às instituições da cidade, como explica o presidente Renan de Moura, “objetivo principal são as viagens, mas tem também a filantropia. A gente escolhe uma instituição e ajudamos somente ela o ano inteiro. Fazemos evento para arrecadar fundos e doar. É família, curtição e ajudar o próximo”.

Um dos benefícios da moto é a acessibilidade e para muitos a liberdade, de acordo com Magnani, "você estaciona em qualquer lugar, anda na terra, em buracos e no meio do trânsito. Vai para lugares onde os carros não vão". Para o presidente do Moto Grupo Sem Destino , "você tem que saber usar a moto. Quando você sai, tem que ter na cabeça que existem outros veículos. Devem-se respeitar os limites de velocidade e as sinalizações”. 

Para Magnani "algumas pessoas seja,no motociclismo ou fora dele, usam a imagem da rebeldia para defender as guerras, o preconceito, o ódio, a discriminação, a imutabilidade da hierarquia social, o seguimento cego às regras, a violência, a ignorância e o crime". Fernanda Teixeira, integrante do Sem Destino, comenta  “sempre tem preconceito.Quando a gente fala que anda de moto ninguém acredita, ah! você tem carteira, então você é louca. E não, eu não sou louca, eu sou uma pessoa consciente, eu gosto de andar de moto”. Rivail Madureira que também participa do Moto Grupo, acrescenta, “o amor à moto, liberdade, vento na cara é bem maior. A gente sabe que a gente está junto para curtir a vida e não para nada do lado mal”.

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