Campo Grande é a quarta capital com maior número de startups fora de grandes polos econômicos, de acordo com o levantamento realizado pela Associação Brasileira de Startups (ABStartups). Foram mapeadas 56 startups que trabalham em setores como educação, internet e agronegócio. O mapeamento mostra que há comunidades de startups em processo de criação nas áreas menos saturadas no país, como Fortaleza, Goiânia e Salvador.
Negócios como a Jera e a Nastek e plataformas virtuais como o Reclame Aqui e Portal Educação, recentemente adquirido pelo UOL Educação, estão entre as soluções de inovação que fortalecem a economia e o mercado empreendedor da capital. Mato Grosso do Sul corresponde a 1% das startups de educação (Edtechs), de todo o país. A Eu Empreendo é um exemplo de empreendimento deste segmento e visa desenvolver plataformas digitais em formato de jogos para promover inovação e o empreendedorismo nas escolas.
De acordo com a coordenadora do curso de Tecnologia em Processos Gerenciais da Escola de Administração e Negócios (Esan) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Caroline Spanhol startup define-se por uma cultura de inovar com o objetivo de solucionar problemas ou pontos críticos específicos que independem da internet. “É a característica de empresas jovens ou em fase de desenvolvimento que tem na sua essência a inovação, e com capacidade de estabelecer um modelos de negócio replicável, escalável e que por outro lado conviva até mesmo em um ambiente de incerteza”.
A gerente do Living Lab, laboratório de empreendedorismo e inovação criado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Mato Grosso do Sul (Sebrae-MS), Leandra Costa classifica startup como um modelo de negócios no qual uma empresa emergente tem um crescimento acelerado em pouco tempo. “Diferente do modelo de negócio tradicional, as soluções inovadoras surgem da dedicação de um indivíduo em fazer da sua ideia ganhar mercado e suprir uma necessidade. E nesse modelo que se desenvolveu a Uber e o iFood”.
O presidente executivo da startup Eu Empreendo, Alexandre Souza afirma que o desenvolvimento de um mercado inovador utiliza de ferramentas existentes no mercado que carecem de inovação e implementa uma nova forma de fazer. “A automação e o crescimento de startups lidam com tecnologia e inteligência, o que atenta para uma necessidade de especialização por parte dos profissionais hoje no mercado”.
A Jera é uma empresa que desenvolve aplicativos para celular, utilizados por cerca de dez milhões de usuários no mundo. O diretor de operações da empresa, Jefferson Moreira explica que a necessidade de inovação no setor tradicional desencadeou um mercado de empreendimentos que geram mais empregos. “O brasileiro por si só sempre foi muito empreendedor, mas não pela audácia ou criatividade, mas por necessidade. E hoje startups que são desenvolvidas muito rápidas na intenção de suprir necessidades têm girado a economia e gerado mais empregos”.
Caroline Spanhol explica que o mercado de inovação modifica a lógica econômica tanto local, como nacional. “Soluções inovadoras trazem mudanças disruptivas que diferenciam suas ofertas quando comparadas com as já existentes, o que muda a lógica das coisas. Por isso é inovação é tão importante e deve ser sempre estimulada”.
A coordenadora ainda afirma que há uma taxa de "mortalidade" de cerca de 75% para startups antes do primeiro ano. “Uma das explicações possíveis é falta de investimento das denominadas “Investidoras-Anjo” ou mesmo a falta de uma aceleradora para os empreendimentos”.
Campo Grande sedia eventos como o Bootcamp/Sebrae e o Startup Weekend, que objetivam impulsionar a criação de novos empreendimentos de inovação. A gerente do Living Lab, Leandra Costa relata que o trabalho desenvolvido no laboratório promove a aproximação de projetos inovadores e acelera o desenvolvimento do projeto inicial. “A soma de forças das pessoas, entidades, laboratórios como o Living Lab trabalhando para que esse mindset de novos negócios seja compreendido, propicia-se um ambiente de trabalho com maior potencial”.