CARNE BOVINA

Mato Grosso do Sul registra aumento de 40% no preço da carne bovina

O preço da carne nos supermercados e açougues de Campo Grande aumentou devido à escassez de animais prontos para o abate e aos altos custos de produção

Gabrielle Lima, Gustavo Nascimento, Roberta Dorneles e Sanny Duarte12/11/2024 - 10h20
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O preço da carne bovina em Mato Grosso do Sul registrou um aumento de 40%, com a arroba do boi gordo a R$ 320,00 nos frigoríficos de Campo Grande. O valor de R$ 235,00 em novembro de 2023, representa um reajuste de 36%. A baixa oferta de animais prontos para o abate representa o reajuste dos preços.

O aumento no preço da carne em Mato Grosso do Sul decorre do crescimento nos custos de produção. O aumento nos preços de alimentos e na manutenção de pastagens, diminui a rentabilidade dos pecuaristas e encarece a produção. A escassez de animais de reposição e a desvalorização do gado jovem aumentam os custos de produção e reduzem a oferta de carne no mercado. A crise hídrica e as queimadas reduzem a oferta de gado e intensificam a escassez de carne no mercado.

O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrisul), Guilherme Bumlai afirma que os custos para o produtor de carne bovina aumentaram em mais de 30% nas últimas semanas, devido ao recorde de exportações brasileiras em outubro deste ano. "O mercado externo tem dado sustentação ao aumento do preço da arroba e garante boa remuneração para o produtor rural, embora a carne tenha ficado mais cara, esperamos que o impacto no consumidor seja mais moderado".

A balconista Diana Prado, responsável pelas compras mensais de sua casa, afirmou ter percebido os aumentos de preços após as alterações dos valores nos açougues de Campo Grande. "No primeiro dia em que fui ao mercado, notei a diferença. A carne que eu costumava comprar a R$ 38,90 o quilo passou para R$ 47,90. Isso não é um reajuste, é um abuso". Diana Prado comentou que comprava cortes como contrafilé e picanha, e que com o aumento nos preços precisou ajustar o orçamento para carnes mais acessíveis, como o frango. “Em casa, temos escolhido mais o frango, que ainda cabe no bolso, mas carnes nobres, como a picanha, já saíram da lista".

O economista Eduardo Matos explica que o mercado de carne em Mato Grosso do Sul é influenciado pela demanda externa e pelas flutuações de preços do mercado internacional. Matos afirma que o Brasil é o maior exportador de carne, e que a demanda internacional influencia a formação dos preços registrados no território nacional. "A demanda externa manda bastante, e o preço do boi gordo é cotado em bolsa, o que significa que as flutuações de mercado têm grande influência sobre os preços e fatores ambientais, como crises hídricas e queimadas também afetam a oferta e causam variações nos preços e prejudicam os consumidores finais". Matos explica que a valorização do dólar em relação ao real eleva os preços da carne no mercado interno, uma vez que as exportações são realizadas em moeda estrangeira. "Com o dólar mais alto, o produtor pode preferir vender para o exterior, onde o preço se torna mais compensatório. Isso acaba refletindo no preço interno, pois para manter o produto no mercado doméstico, o valor precisa ser competitivo em relação ao internacional".

PRIMEIRA NOTÍCIA · O economista Eduardo Matos, comenta sobre os fatores econômicos que influenciam o aumento dos preços

O proprietário de supermercado no bairro Planalto, Roberto Silveira explica que o aumento no preço do boi gordo afeta diretamente os valores da carne para o consumidor final. "Tentamos manter os preços o mais equilibrados possível, mas com o aumento dos valores na origem, a carne chega mais cara ao consumidor". Silveira afirmou que houve uma mudança no comportamento dos consumidores em razão do aumento nos preços. "Muitos clientes estão optando por cortes mais baratos ou diminuindo a quantidade comprada, alguns procuram alternativas, como frango ou carne suína, que ainda têm preços mais acessíveis".

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