DÍVIDAS

Número de famílias endividadas aumenta em Campo Grande

O cartão de crédito é a maior causa do endividamento das famílias na capital, com 66,9% do total de julho

Guilherme Brasil, Thiago Rezende e Thiago Spila10/09/2019 - 15h16
Compartilhe:

Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) divulgados pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso do Sul (Fecomércio-MS) mostram que a quantidade de famílias com dívida aumentou na capital desde abril de 2019. Em maio, foram registradas 167.145 famílias endividadas, e em junho 181.846, um acréscimo de 14.701 devedores, que representa 8,8%. Em julho, a quantidade de endividados foi de 183.719, um crescimento de 10% em relação a maio e de 1% sobre junho. 

Os dados disponibilizados pela Peic apontam que o cartão de crédito é a maior causa do endividamento das famílias na capital, com 66,9% do total de julho. Os carnês ou boletos de pagamento ocupam a segunda posição com 20%, seguido pelo financiamento de casa com 17,9% dos endividados. A modalidade de financiamento tipo cheque especial e o crédito consignado foram os tipos de dívidas que tiveram menor ocorrência em julho, com 2,7% e 3,2%, respectivamente.

A economista da Fecomércio-MS, Daniela Teixeira explica que há uma distinção entre dívida e inadimplência. "Vale ressaltar que existe uma diferença entre dívida e inadimplência, o endividamento é simplesmente o fato de você usar o cartão de crédito para pagar no próximo mês, já ser inadimplente é quando a pessoa fica três meses sem pagar a sua conta em atraso".

 

A médica veterinária Elizângela Lourenço ressalva que as dívidas com os cartões de crédito fizeram ela e a filha mais velha reorganizarem as finanças da família e cortar alguns gastos. "A primeira coisa que fizemos pra pagar as contas dos cartões foi vender o carro, e passar a utilizar mais o transporte público, além de cancelar a televisão por assinatura, que acabou sendo bem triste para minha filha mais nova".

O instrutor musical Luiz Felipe Correa relata que acumulou dívidas com o banco pela falta de planejamento com os gastos. "Eu trabalhava de manhã na Santa Casa e de noite em um hotel, então eu comecei a achar que eu podia gastar mais, não fazia o planejamento das próximas faturas, e acabei me endividando no cartão de crédito, cada mês vinham mais juros". 

Correa explica que ter dívidas causou estresse psicológico e afetou toda a sua família. "A gente fica com o emocional muito cansado, e tudo fica pior quando envolve aqueles que a gente ama, nossos familiares e nossa casa. Os fornecedores começam a cortar nossa água e luz, e então a gente só quer, no desesespero, que o mês chegue ao fim". Correa hoje tem uma microempresa de "geladinho" gourmet para sair dessa situação.

O advogado consumerista Eduardo Silva ressalta que a taxa de juros cobrados por bancos é cumulativa. "Eu sempre busco chamar a atenção dos meus clientes com relação aos juros que são cobrados pelas institiuções comerciais e bancos, é comum que as pessoas se preocupem apenas com o primeiro mês e se programam pouco com relação às próximas faturas, causando uma bola de neve financeira".

Compartilhe:

Deixe seu Comentário

Leia Também