ECONOMIA

Campo Grande lidera o ranking das capitais em redução do preço da cesta básica

Pesquisa revela que em 12 meses a cesta básica na capital acumulou deflação de 19,46%

Eduardo Juliace, Helton Oliveira e Norberto Liberator 2/10/2017 - 14h50
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Campo Grande liderou a deflação anual com uma taxa negativa de -19,46% contra a menor, registrada em Aracaju, com apenas -4,55%. O custo dos alimentos essenciais que compõe a cesta básica diminuiu em 21 das 24 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Entre janeiro e agosto de 2017 o custo da cesta básica apresentou queda em 23 capitais brasileiras. Nesse cenário Campo Grande destacou-se novamente, com deflação de -12,98%, seguida por Cuiabá (-11,79%), Manaus (-9,39%) e Belém (-8,50%) e em sentido inverso a única alta registrada foi em Aracaju, capital de Sergipe, com 1,19%.

Somente em agosto de 2017, das 24 capitais pesquisadas pelo Dieese, 22 apresentaram deflação e a capital sul-mato-grossense registrou o maior referencial, com - 7,09% e Macapá apresentou o menor índice de deflação, de – 1,61%.

Com base no preço médio da cesta básica do mês de agosto, Campo Grande/MS ocupa a sétima posição entre as 24 capitais pesquisadas pelo Dieese, com o valor de R$355,09, perdeu apenas para as capitais nordestinas, Aracaju, São Luis, João Pessoa, Recife, Natal e Salvador. A capital baiana apresenta o menor valor de cesta básica do país, R$322,10.

Para o comerciante Estevão Dário, que trabalha no ramo de cestas básica a queda nos preços se deve a intensa concorrência. Segundo ele "ao contrário do censo da maioria ele acredita que todos ganham com isso, até mesmo o estabelecimento comercial que consegue praticar um preço menor com uma oferta maior de itens ao consumidor do que o comercializado há 12 meses".

Produtos com maiores reduções

O Dieese apurou que no período de agosto de 2016 a 2017 ocorreu queda nos preços dos produtos que compõem a cesta básica nas capitais brasileiras, com destaque para o óleo de soja, açúcar, tomate, feijão, leite e carne bovina, em especial a de primeira.

Segundo relatório do Dieese, no mês de agosto o açúcar apresentou uma retração de -6,94% em Campo Grande. A capital sul-mato-grossense perdeu apenas para Belo Horizonte, que registrou 7,87% de queda. Esses decréscimos de preço no varejo se justificam pelo período de safra da cana e desvalorização do preço internacional.

De acordo com o relatório, os campeões em redução de preços em Campo Grande no mês de agosto são o feijão, com queda de 62,79%, seguido pela batata, que apresenta -53,91%, banana com -36,96%, leite -28,20, tomate -22,93 e arroz -17,52%. A dona de casa Rosangela Aparecida Bozza percebeu a variação e confirma a redução no preço do feijão.

Salário mínimo 

Conforme o Dieese, em agosto de 2016 o campo-grandense usava 102,68 horas de trabalho para adquirir os produtos da cesta básica. Após 12 meses com uma deflação acumulada de -19,46% esse trabalhador utiliza 83,22h para colocar comida em sua mesa, o que representa 41,19% do salário mínimo e ganho de 14h46 minutos na jornada de trabalho, o que garante o aumento no poder de compra.

O mês de agosto de 2017 apresenta incremento no poder de compra do assalariado campo-grandense, em comparação ao mesmo período do ano anterior, a mesma cesta básica era comercializada na média por R$ 424,19 e o salário mínimo nacional era de R$ 880, o equivalente a 2,07 cestas.

Após um período de 12 meses a cesta básica é comercializada em média a R$355,09 e o salário mínimo nacional a R$ 937,00 permite adquirir 2,64 cestas, o que representa aumento de 27,55% no poder de compra. Tal variação refletiu positivamente no comércio. Para o gerente de restaurante, Dejalma Jacques “a redução no preço médio da cesta básica permitiu ao comércio manter os preços aos clientes, mesmo com seguidas altas nos preços dos combustíveis e derivados”.

Para a publicitária Letícia Monteiro Rocha a deflação nos produtos que compõem a cesta básica à ajudou no orçamento doméstico, pois, ao gastar menos com alimentação, ela tem mais dinheiro para outras despesas.

Desemprego e retração da economia

A supervisora técnica do Dieese em Mato Grosso do Sul, Andréia Ferreira atribui em parte a deflação à retração na economia de Campo Grande/MS, em razão da menor oferta de emprego, que reflete em uma quantidade menor de consumidores e diminuição das vendas, o que força a redução dos preços.

 

Andréia Ferreira ressalta que o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) revela que Campo Grande acumula em 12 meses um saldo negativo de 4.786 vagas de trabalho, com consequente deflação anual na capital.

 

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