Campo Grande registrou aumento de 74,33% no percentual de criação de postos de emprego para pessoas com deficiência. Foram ofertadas 252 vagas e 37 encaminhamentos para o mercado de trabalho em 2020, com a pandemia de Covid-19. Cerca de 339 vagas foram ofertadas entre janeiro e setembro de 2021, com saldo de 297 carteiras de trabalho assinadas.
Mato Grosso do Sul contabilizou 8.744 vagas de emprego entre 2020 e 2021. No Estado há cerca de 526.979 mil pessoas com deficiência, o que representa 21,50% da população, e em Campo Grande existem mais de 39 mil. As principais vagas ofertadas para o público são de operador de telemarketing, auxiliar de limpeza, vigilante, assistente de vendas, auxiliar administrativo, assistente de estúdio e operador de lojas.
Segundo a assistente Social da Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul (Funtrab), Monica Schller a empregabilidade de pessoas com deficiência aumentou este ano. ‘’Em 2019 a Funtrab ofertou 366 vagas para 114 colocados. Em 2020, somente 37 contratados e este ano 297, o que indica um avanço. Ao mesmo tempo, nós do setor de serviço social nos deparamos com trabalhadores tendo dificuldades de inserção’’. Conforme Monica Schller, a assistência social disponibilizada pelo Governo do Estado tem o objetivo de realizar o serviço de flexibilização da intermediação de mão de obra e quando necessário, fazer contato com os empregadores para interceder pelos trabalhadores com mais dificuldade.
De acordo com a massoterapeuta Monica Luz, que possui deficiência visual, esses profissionais enfrentam dificuldades de inserção no mercado de trabalho. Monica Luz acredita que falta preparo desde a entrevista de emprego à adaptação no ambiente laboral. ''Sofremos com problemas de adaptação no local de trabalho, ausência de plano de carreira e falta de acessibilidade. Os entrevistadores não têm preparo. Mesmo sendo bem tratada, existe a questão do ‘’coitadismo’’, só que antes da deficiência vem a pessoa. Querem cumprir a lei de cotas para fazer a gente se sentir útil, e isso é nos subestimar’’.
Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência
A Lei n° 8.213/91 estabelece que as empresas com 100 ou mais funcionários reservem 2% das vagas para pessoas com deficiência. De acordo com a subsecretária de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência do Estado de Mato Grosso do Sul vinculada à Secretaria de Estado de Cidadania e Cultura (SECIC), Telma Nantes o maior desafio é realizar um trabalho para as políticas públicas alcançarem as pessoas com deficiência, por meio de mobilização e articulação com órgãos governamentais e organizações da sociedade civil. ‘’Diante dessa realidade, estamos fazendo um trabalho de articulação e mobilização para promover essas políticas, além de conscientizar e sensibilizar os empregadores para capacitarem esses profissionais a fim de uma inclusão plena no mercado de trabalho, e não somente para cumprir a lei’’.
A Subsecretaria promove estudos, debates e articulação das ações governamentais entre entidades sociais, com o intuito de gerar inclusão social e desenvolver projetos para melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência. Para Telma Nantes, essas ações são capazes de incentivar o protagonismo desse público na área profissional. ‘’Isso faz eles buscarem o melhor salário e almejarem um espaço no segmento que desejam atuar. Faremos também uma ação de cadastro de inclusão dessas pessoas não só na capital mas em todo o estado, para contabilidade e entendimento das reais necessidades da comunidade’’.
A servidora pública Aline Maziero possui paralisia cerebral e garante que para ter mais pessoas com deficiência no mercado de trabalho é preciso reconhecer o que cada um sabe fazer de melhor. ‘’Somos muito subestimados. Deviam parar de abrir vagas em serviços que só pagariam um salário mínimo e nos colocar em lugares específicos que praticamente não aparecem no organograma da empresa’’. Aline Maziero realizou concurso público para ter a chance de uma qualificação profissional. ‘’Mirei nessa direção porque sabia que se passasse seriam obrigados a me contratar. Entrei pela reserva de vagas e decidi não me vitimizar. Foi o caminho que encontrei para trabalhar e lutar por meus direitos, mesmo enfrentando o preconceito e outras dificuldades’’.