INADIMPLÊNCIA

Dívidas com bancos e cartões de crédito são as principais causas de endividamento no estado

Cartões de crédito e dívidas em bancos são causas do endividamento de aproximadamente 33% da população; a facilidade de acesso aos cartões de crédito e as altas taxas de juros contribuem para a inadimplência

Brunna Paula, Heloisa Duim, Lucas Artur, Maurício Aguiar 8/10/2023 - 12h28
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Mato Grosso do Sul tem mais de um milhão de pessoas em situação de inadimplência. Dívidas com bancos e cartões de crédito são as principais causas de inadimplência da população. O Serasa aponta que 32,87% do endividamento no estado é decorrente de empréstimos bancários e cartões de créditos. 

As dívidas da população do estado somam R$ 5,4 bilhões, com média de R$ 5,2 mil para cada inadimplente. O nível de endividamento é maior entre a população que possui renda mensal de até dez salários mínimos. Pessoas com dívidas em atraso representam 50,2% da população de Mato Grosso do Sul.

Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apenas 15,6% da população endividada tem condições de quitar as dívidas em atraso. A economista da Federação do Comércio do Mato Grosso do Sul (Fecomércio/MS), Regiane de Oliveira aponta que a facilidade de acesso a cartões de crédito e a empréstimos com altos juros são fatores que favorecem o endividamento da população. "O falso poder de compra que um cartão de crédito ou um cheque especial representa, muitas pessoas têm limites de créditos superiores à sua renda mensal. Isso faz com que as pessoas contraiam dívidas que, somadas as parcelas mensais, também superam sua renda mensal, fazendo com que o endividamento aumente, pois muitas pessoas contraem um empréstimo para quitar outro". 

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Infogram

A economista Regiane de Oliveira destaca que o aumento da inflação e das taxas de juros reduziram o poder de compra da população, que prioriza despender os gastos mensais com o pagamento de serviços relacionadas à alimentação, saúde e moradia, e postergam o pagamento de faturas de cartões e empréstimos. A professora de Educação Infantil, Yasmim Ramos relata que os altos juros dos cartões de créditos a levaram à situação de endividamento. "Quando eu ia pagar naquele mês uma parcela, acontecia algum imprevisto e eu tinha que gastar esse dinheiro com outra coisa e o cartão ficava de lado, e aí acumulava mais juros e isso foi virando uma bola de neve. Quando eu vi já estava endividada". 

Primeira Notícia · Professora de Educação Infantil, Yasmim Ramos comenta sobre sua dívida no cartão de crédito

O vendedor de bala baiana, Gabriel Oliveira se endividou após o banco disponibilizar limite adicional em seu cartão de crédito, além de sua renda mensal. "Em um determinado mês eu ganhei muito dinheiro vendendo doces e aí eu imaginei que todos meses eu teria essa verba mensal, e eu acabei fazendo várias compras parceladas de alto valor no cartão de crédito. Eu não tinha apenas um cartão, eu tinha vários cartões e em todos eles eu tinha contas e às vezes eu pagava um e não pagava outro. Com medo ter meu nome no Serasa, eu pedi um empréstimo ao banco para quitar minhas dívidas e por conta dos juros, consequentemente eu não consegui pagar as parcelas do empréstimo também". 

Para a doutora em Administração, Yasmin Gomes Casagranda a falta de planejamento financeiro motiva as pessoas a utilizarem o cartão de crédito com mais frequência, acima de sua renda mensal. "Essa inadimplência acontece quando a pessoa gasta muito além da renda dela e ela não consegue suprir questões básicas. O correto seria usar menos do que a gente ganha, incluindo isso no cartão de crédito, para que a gente possa ter no fim do mês uma renda que sobra, justamente para as adversidades que podem acontecer. O que acontece é que as pessoas não têm essa sobra e elas acabam usando o crédito para suprir essas adversidades". 

Primeira Notícia · Doutora em Administração, Yasmim Gomes comenta sobre os fatores da Inadimplência

Regiane de Oliveira salienta que a criação de um "orçamento pessoal" como uma alternativa para  emergências financeiras, assim como evitar o uso de cartões de crédito de maneira execessiva. "Para aquelas pessoas que já estão com contas em atraso, principalmente no cartão de crédito, o melhor é negociar e evitar fazer compromissos que extrapolam seus rendimentos". O contador financeiro Valdemir Gomes Fernandes relata que atualmente utiliza o cartão de crédito para realizar compras esporádicas e que apresentem um valor abaixo de sua renda total mensal.

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