Estudo divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em 2021, aponta que 24,4% dos 443 mil idosos entrevistados de Mato Grosso do Sul se mantiveram no mercado de trabalho após a aposentadoria. Os dados indicam que o Estado se manteve acima da média nacional, que é de 18,5%. O estudo informa que 73% dos aposentados contribuem com 50% ou mais da renda do próprio domicílio.
O levantamento aponta que 86% moram com outras pessoas e 26% receberam auxílio emergencial destinado a cidadãos em situação de vulnerabilidade socioeconomica durante a pandemia de Covid-19. Dos entrevistados, 61% afirmam ter comorbidades e 28% possuem plano de saúde. A pesquisa entrevistou 37,7 milhões de pessoas acima de 60 anos que são denominadas idosas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PNCBA) divulgada pelo Dieese, as altas mais expressivas no valor da cesta básica ocorreram em Campo Grande (2,78%), Curitiba (2,57%), Goiânia (2,59%) e Porto Alegre (3,40%). O valor do produto apresentou em 12 meses uma variação que oscilou entre 23% na capital. A porcentagem compromete 60,51% do salário mínimo líquido, que é de R$1.212,00.
Maria Helena Guedes, 64 anos, é aposentada e começou a vender pão de queijo para complementar a renda. Ela mora sozinha há cinco anos e declara que, com o aumento no preço da cesta básica, a aposentadoria é insatisfatória para cobrir os custos com alimentação. "Eu vendo pão de queijo para ajudar um pouco mais, porque as coisas estão muito difíceis agora. Para nós, que somos aposentados e ficamos em casa, é difícil. Antes eu preparava bolos de pote, mas parei. Hoje em dia eu vou no mercado e só de comprar cinco itens o dinheiro não cobre mais".
De acordo com a economista do Programa de Extensão Universidade Aberta à Pessoa Idosa (UnAPI) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Luciene Cristina Carvalho um salário mínimo é insuficiente para atender as necessidades do idoso na fase da aposentadoria. “Para muitos idosos, apesar de entrar em situação de aposentadoria, acaba não sendo vantajoso financeiramente para eles e precisam permanecer tralhando”.
Segundo Luciene Cristina Carvalho, prever um valor adequado para cobrir as necessidades de vida do idoso é complexo. Os dados do Observatório da Economia (OBECON) da UFMS referente a janeiro de 2022 informam que, para uma família composta de dois adultos e duas crianças, o custo médio de alimentação seria de R$ 1.980,33. “Esse valor cobre só a alimentação básica. Já as outras necessidades como médico, remédio e atividades para manter a qualidade de vida, com certeza, ultrapassam esse valor”.
Deoclides Bezerra, 66 anos, é aposentado e trabalha como segurança há três anos. Ele afirma que o serviço informal é uma forma de complementar a renda e manter a saúde, porque deseja ser independente do benefício. Bezerra esclarece que a maior parte do seu benefício é atribuído às despesas da casa. “Antigamente minha compra era de R$ 300,00 a R$ 400,00. Agora chega a quase mil reais por mês. Sobra uns troquinhos e eu tenho que depender de comprar remédio também. Se não fosse essa renda de fora, alguma coisa ia faltar”.