ECONOMIA

Renda média por pessoa de 50% da população em Mato Grosso do Sul é de R$ 524,00 mensais

Pesquisa do IBGE informa que entre 2017 e 2018, a renda mensal das 50% famílias mais pobres aumentou em 4,84% e a renda das famílias que compõem o 1% mais rico, aumentou em 40,77%

Vitória Oliveira e Letícia Schiavon 1/11/2019 - 11h16
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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, no dia 14 de outubro, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) referente ao ano de 2018. O levantamento indica que a média de rendimento por domícilio dos 50% mais pobres de  Mato Grosso do Sul foi de R$939 mensais e dos 1% mais ricos foi de R$ 22.188. No levantamento foram somados todas as formas de rendimentos dos integrantes da família.

O representante do IBGE em Campo Grande, Fernando Gallina explica que os lares mais afortunados correspondem a 1% de todos os lares brasileiros. O rendimento dessas famílias foi 23,6% maior que o rendimento das 50%  famílias mais pobres do Estado. Entre 2017 e 2018 a renda dos mais pobres aumentou 4,84% e do 1% mais rico 40,77%. "No Brasil, essa disparidade aumentou ao longo dos anos. Em Mato Grosso do Sul, a  discrepância foi grostesca entre 2017 e 2018. Mas entre 2012 e 2018, a população mais pobre teve um aumento de 55% na sua renda enquanto a população mais rica teve o aumento em 34% ". 

pesquisa Pnad Contínua foi iniciada em 2012 e registrou a maior taxa de desigualdade na história do Brasil. Os dados informam que 50% das famílias brasileiras sobreviveram com renda média de R$ 820 mensais em 2018. A pesquisa mostra que os lares mais afortunados do Brasil tiveram rendimento mensal de cerca de R$ 27.744. As famílias que receberam até R$ 1.908 mensais gastaram em média 92,6% do salário com alimentação, moradia e transporte. A estimativa de renda média por domícilio foi inferior a quantia verificada em 2014.

De acordo com os estudos do IBGE, o rendimento das famílias mais ricas do Brasil foi 33,8% maior do que o rendimento das famílias que ganharam em média R$ 820 mensais. Os 10% dos domicílios mais ricos concentraram 43,1% dos rendimentos médios mensais e os outros 10% dos domicílios com menores salários deteram 0,8% da renda mensal brasileira.  As despesas mensais por família no Brasil foram em média de R$ 4.649,03 em 2018 e a maior taxa se concentrou na região Centro-Oeste, onde as famílias gastaram em torno de R$ 5.762,12 por mês. 

Gallina afirma que a renda média nacional per capita dos 50% mais pobres foi de R$ 413 ao mês e para os 1% mais ricos foi de R$ 16.297. Os mais ricos representam 2,1 milhões de pessoas e os 50% mais pobres representam 104 milhões. Os cálculos consideram a renda bruta, sem descontar os impostos e gastos fixos de cada família. A população das regiões Norte e Nordeste possuem menor renda mensal.

A economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso do Sul (Fecomércio/MS), Daniela Teixeira afirma que é difícil sobreviver com o salário mínimo de R$ 998. Ela explica que o poder de compra das pessoas com baixa renda é prejudicado pela desigualdade. “No comércio, essas pessoas têm dificuldade de consumir roupas e eletrodomésticos. A carne mesmo, se torna um luxo”. Daniela Teixeira explica que a dificuldade na aquisição de itens básicos, como a alimentação, faz com que algumas famílias sobrevivam por doações e outros tipos de auxílio. “Então temos uma maioria concentrada nas classes C, D e E e uma minoria na A e B. A desigualdade tende a marcar o Brasil”.

Adriano Ferreira* relata que está a procura de uma vaga de emprego. “As minhas dificuldades são todas. Não tenho dinheiro para nada”. Ele afirma que o desemprego fez com que ele voltasse a ser sustentado por familiares. “Sou sustentado pela minha tia. Ela dá comida, roupa lavada. Às vezes ela me dá uns R$ 10 para eu ficar feliz”. Ferreira declara que quer voltar a trabalhar para ajudar a tia com as despesas. “Me sinto um peso. Quero ter meu próprio dinheiro. É horrível ficar sem emprego. É uma sensação de angústia todos os dias. A glória é quando a gente recebe o sim de algum local”.

De acordo com informações do IBGE, cerca de 25% da renda dos lares mais pobres sobrevivem de aposentadorias, pensões e programas sociais. Esses lares concentram uma renda de até dois salários mínimos. Daniela Teixeira afirma que muitas famílias recorrem a programas sociais para complementar a renda. “Hoje temos o Bolsa Família, mas são ajudas de custo. Não são valores altos. No Mato Grosso do Sul existe o Vale Renda, que tem o valor mais expressivo do que o Bolsa Família". Ela ressalva que as políticas públicas assistencialistas existem para garantir o mínimo de dignidade a essas pessoas.

Renato Costa* diz que distribuiu currículo em diversas lojas, sem retorno. “Tento sempre complementar o currículo. Nem assim chamam. Depois que eu fui demitido, ficou ainda mais difícil. As faturas chegam e eu fico preocupado sobre como vamos pagar e quando vou arrumar outro emprego”. A família de Renato é composta por três pessoas e todos estão desempregados. Atualmente, a renda familiar depende da prestação de serviços informais, como a venda de pães e serviço de limpeza doméstica. "Nós recebemos o Vale Renda. Somando tudo nós conseguimos juntar em torno de um salário mínimo por mês". 

O índice de Gini indica os percentuais de distribuição, concentração e desigualdade de renda. O marcador varia de 0, perfeita igualdade, até 1, máxima desigualdade. Em 2018, a média brasileira foi de 0,509. As regiões Sul e Centro-Oeste apresentaram os menores índices, 0,448 e 0,486 respectivamente. O Nordeste foi a região que apresentou maior desigualdade, com a marcação de 0,520.

*Nomes fictícios

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