Relatório da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso do Sul (Semade) apontou que a cesta básica do campo-grandense ficou mais cara nos últimos doze meses. Segundo pesquisa, o aumento foi de 17,28% no bolso do consumidor. Para o economista Jefferson Mareco, a instabilidade econômica e política contribuíram para o aumento dos preços.
Apresentado em dezembro, o pão francês não alterou seu valor. O levantamento mostrou que dos 15 produtos pesquisados, 14 tiveram mudanças em seus preços, em destaque o tomate, a batata e o açúcar cristal, que registraram os maiores aumentos na pesquisa, respectivamente 21,14%, 20,61% e 4,73. Conforme relatório, a cesta passou de R$ 343,41 para R$ 352,26. O relatório analisou o preço de 26 estabelecimentos varejistas nas cinco regiões da cidade.
De acordo com o economista e consultor Jefferson Mareco, diversos fatores contribuíram para que esses aumentos fossem registrados, como a instabilidade política, que afetou diretamente a economia e o preço do frete e da gasolina. "Essas foram algumas das razões que elevaram o valor dos produtos considerados de primeira hora, ou seja, mercadorias de uso diário ou cotidiano".
Mareco lembra que outro elemento motivou a alta dos preços. Com a chegada do “El Niño”, fenômeno natural que afeta o sistema climático, a produção de hortifruti diminui. O relatório apontou que o preço do tomate estava em queda em boa parte do ano, com a chegada do período de chuva o produto teve aumento no preço. “A chuva para mais ou para menos impacta diretamente na produção do hortifruti, principalmente, do tomate, da batata e da cebola. Com isso, faz com que haja diminuição da oferta, mas a procura continua a mesma. Ou seja, lei da oferta e da procura. Os empresários aumentam o valor dos produtos”.
Repasse ao consumidor
Segundo o diretor comercial da rede de supermercados Veratti, Luiz Carlos Gonzales Guimarães, o preço dos alimentos aumentou na capital, devido a diversas ações promocionais realizadas pelo varejo, as pessoas não perceberam o impacto dos aumentos no bolso.
O diretor comercial aponta que a partir do próximo ano a situação pode mudar e os aumentos poderão ser repassados aos consumidores, diferentemente dos últimos doze meses em que promoções foram realizadas para os clientes não sentirem o impacto do reajuste. “Até agora o comerciante tentou reter fazendo, logicamente, oferta, mas nessa virada de ano você tem que repassar. Algumas coisas você vai ajustar, é algo natural, você não consegue subsidiar 100% do aumento. Tanto a indústria quanto o comércio vão ter que se adequar".
Para o economista Jefferson Mareco, esse repasse é natural e no setor varejista há uma mudança de perfil de público consumidor. Ele analisa que com essas oscilações dos preços, o público das classes C, D e E são os que mudam sua maneira de comprar, pois buscam locais onde possam economizar mais, como a rede atacadista. Diferente das classes A e B que, segundo Mareco, devido a alta renda, não alteram sua forma de consumir.
O economista aponta que, em relação a 2016, a carne bovina será, talvez, o alimento que elevará o valor da cesta básica do campo-grandense. Nesses 12 meses, o relatório verificou um aumento de 0,26% nas carnes acém e agulha, "mas por causa de políticas que incentivem a exportação, os empresários procurarão maximizar o mercado externo e, com isso, diminuirão o abastecimento interno".