Os comerciantes realizaram promoções e descontos nos produtos oferecidos nas lojas físicas, para preservar a fidelidade dos clientes e aumentar os rendimentos do mês. Eduardo Matos explica o bom faturamento dos empresários se soma à insegurança com a conjuntura econômica do país. “A confiança do empresário ela tem caído, dado à fatores macroeconômicos, o empresário tem perdido um pouco a confiança na economia do Brasil por conta de incertezas dos gastos fiscais”.
A oferta de produtos com valores mais acessíveis para o orçamento dos clientes foi uma das principais maneiras empregadas pelos comerciantes para contornar a diminuição no gasto médio dos consumidores. O empresário e proprietário da loja “To Precisando Presentes”, Jorge Franco relata que neste ano realizou promoções com a mercadoria do estoque adquirido no ano passado, e que reduziu o valor cobrado pelo produtos mais novos do estoque. “Eu procurei fazer um kit de dia dos pais com um preço bem acessível, porque eu percebi que as pessoas estão procurando presentes mais em conta, na média de até R$70,00”.
O Mapa de Inadimplência do Serasa, divulgado em julho de 2023, mostrou que Mato Grosso do Sul está em sexto lugar no ranking de estados com maior número de pessoas inadimplentes, com 49,18% da população adulta em situação de endividamento. O subsecretário do Programa de Proteção e Defesa do Consumidor Municipal de Campo Grande (Procon), José Costa Neto afirma que o valor total arrecadado pelo comércio local durante as semanas que antecedem o Dia dos Pais representou uma movimentação comercial significativa no mês de agosto e que “o consumidor mesmo endividado, foi às compras. O presente de R$100 a R$200 foi um contingente expressivo. Nós fizemos um trabalho agora chamado 'Renegocia', onde atendemos mais de mil pessoas endividadas e outras com superendividamento, que é pior ainda”.
Equipes do Procon de Mato Grosso do Sul (Procon/MS), instituição vinculada à Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos (Sead), promoveram uma campanha de orientação de compra e prevenção de endividamentos no dia 10 de agosto, em oito bairros da capital. Costa Neto explica que o Procon Municipal de Campo Grande realizou uma ação de fiscalização de diferentes estabelecimentos comerciais localizados na região central da cidade e nos shoppings centers, "para que quando o consumidor se dirija a uma loja, que esteja em conformidade com o código de direitos do consumidor, onde a questão da propaganda e pagamentos estejam bem claras e sem causar nenhuma dúvida. Às vezes, o juros está embutido no preço ou o preço do à vista não é o preço do parcelado, e isso nem sempre é explicitado".
A estudante do curso de Fisioterapia da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (Uniderp), Fernanda Albuquerque perdeu o emprego pouco antes da data comemorativa, o que impossibilitou a compra do presente que planejou para seu pai. A estudante afirma que é possível garantir o mesmo produto por um preço abaixo do valor cobrado no mercado por meio da pesquisa de preços. Fernanda Albuquerque explica que o “planejamento financeiro é muito importante, porque a gente já separa um dinheiro ou um certo limite no cartão de crédito para poder usar só com esse presente e esse ano, pelo que eu vi, teve um aumento nos valores”.
Ausência paterna afeta a rentabilidade do Dia dos Pais
O lucro obtido por lojistas e comerciantes com as vendas realizadas para o Dia dos Pais tem menor rentabilidade que o Dia das Mães. De acordo com as pesquisas de intenção de compra da Fecomércio MS realizadas para as duas datas comemorativas, divulgadas respectivamente em agosto e maio deste ano, o Dia das Mães apresentou uma previsão de lucratividade 35% maior para o comércio local. A expectativa de vendas no estado prevista pelas pesquisas para o Dia dos Pais foi de R$ 360 milhões e a do Dia das Mães foi de R$ 493 milhões.
A pesquisa apontou que 21% das pessoas que dispensaram a compra de presentes no Dia dos Pais o fizeram pela ausência de proximidade ou de um bom relacionamento com o pai. A estudante do curso de Administração da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Marília Cristina relata que perdeu o contato com a figura paterna após o divórcio dos pais. "Por eu e meus irmãos não termos uma convivência tão frequente com o meu pai, acaba que na data comemorativa do Dia dos Pais a gente não compra presente, nós não temos o costume de celebrar a data”.
O economista Eduardo Matos afirma que a ausência paterna é o principal motivo da discrepância no faturamento do comércio entre os dois feriados. “É muito comum termos famílias em que o pai não é presente ou que o pai não é próximo, então essas questões sociais acabam fazendo com que o dia dos pais não tenha relevância como o dia das mães, em que a mãe é quase sempre presente”.