As vendas na semana do Dias dos Pais deste ano tiveram o pior resultado desde 2011 em Mato Grosso do Sul, de acordo com levantamento feito pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Mato Grosso do Sul (Fecomércio-MS), em parceria com a Univesidade Anhanguera-Uniderp e Fundação Manoel de Barros. De acordo com os dados, as vendas diminuíram 42,2% em relação ao ano passado. Para a pesquisa, foram entrevistadas 2.000 pessoas em 13 cidades do estado.
Segundo pesquisa de intenção de compras, a previsão era que 51% da população economicamente ativa do estado fosse às compras no Dia dos Pais. O comércio com presentes movimentou um valor inferior em relação ao montante de 93 milhões de reais, o menor valor registrado desde 2011, quando o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento de Mato Grosso do Sul (IPF) da Fecomércio foi criado.
Em todo o país, as vendas na semana comemorativa tiveram o pior resultado desde 2005, de acordo com o Indicador Serasa Experian de Atividades do Comércio. Na semana do dia 8 à 14 de agosto, as vendas caíram 8,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. No final de semana do Dia dos Pais, de 12 a 14 de agosto, o comércio registrou baixa de 8,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O gerente da loja Passaletti, Marco Antônio Borges, afirma que as pessoas estão cautelosas em relação às compras neste ano e as vendas registradas foram menores que o esperado. "A gente esperava um crescimento em torno de 15% a 20%, mas tivemos um crescimento em torno de 5%. Inclusive no nosso crediário, sentimos bastante que diminui a quantidade de compras. As pessoas realmente estão com o pé no freio".
Na avaliação da economista do IPF, Daniela Dias, as compras de presentes permaneceram altas devido à estratégias dos empresários para atrair os consumidores. “O que percebemos foi a procura por presentes mais baratos e, preferencialmente, pagos à vista, tendo em vista que os consumidores estão mais preocupados em não comprometer o próprio orçamento com compras parceladas”.
Ainda de acordo com a pesquisa da Fecomércio, os presentes mais procurados eram itens de vestuário, com 43,8% das intenções de compra, e perfumes e cosméticos, com 14,8%. O levantamento também mostrou que a comemoração de Dia dos Pais foi responsável por movimentação de R$ 76 milhões.
É o caso do estudante Wellington da Silva Souza, de 16 anos, que escolheu de presente um almoço para a data comemorativa. "Eu falei vamos sair para comer uma pizza, aí a gente saiu. Levei a família inteira, não foi só ele. Mas assim, o preço que eu gastei foi praticamente o mesmo preço que eu iria gastar no presente".
Souza explica que as dívidas são o principal motivo pelo qual as pessoas gastaram menos este ano. "Eu acho que as pessoas estão fazendo dívida em cima de dívida, sem pensar que o dinheiro não dá pra isso. Depois pega um empréstimo, sendo que ela já está fazendo outra dívida com isso".
Segundo Daniela Dias, o nível de desemprego no Brasil e os impactos da inflação influenciam de maneira negativa o poder de compra dos brasileiros. As condições econômicas, como o aumento da inadimplência, o não pagamento até a data do vencimento de um compromisso financeiro, e o crédito mais restrito, exercem impacto sobre o consumidor, que o obriga a limitar seus gastos.
Para a proprietária da Ótica Seculus, Luciana Nogueira, a data comemorativa do Dia dos Pais não é motivo para promoções ou descontos, pela queda do número de vendas registradas pela loja nesse mesmo período em anos anteriores. "Desde o ano passado o comércio já veio sendo fraco. Tivemos um mês de maio ruim, em junho foi até bom por conta do dia dos namorados e agosto deu de novo uma caída. Então foi um movimento como vem vindo desde o último ano. Acho que não vendemos quase nada de presentes, as pessoas estão apostando mais em presentes econômicos".
Para a auxiliar administrativa Rita de Cássia de Morais, de 23 anos, a data deve ser comemorada e afirma que opta por produtos mais baratos. "Eu já tive que viajar para a cidade dos meus pais então eu já tive um gasto a mais. A minha sorte é que encontrei uma promoção e pude comprar um bom presente por um bom preço, mas que não era o que eu estava pensando em comprar. Como é Dia dos Pais, eu acho que é uma data muito importante, mas as coisas estão bem caras mesmo".
Conforme a economista do IPF, Daniela Dias, a preocupação com o pós-venda é uma das principais garantias para fidelizar clientes. “Associada às promoções via preço, a empresa deve adotar promoções da imagem. Ou seja, se preocupar de ligar para os consumidores e perguntar se o produto atendeu as necessidades dele e que sugestões ele pode dar. Talvez o pós venda faça com que a pessoa se sinta especial, e consiga atrair mais consumidores nesse sentido”.
Segundo Dias, os fatores que os consumidores mais pensam na hora de escolher um presente são o preço, a qualidade do produto e o atendimento. “O empresário deve então trabalhar com esses tópicos que as pessoas esperam, a partir de estratégias. Pode negociar com o fornecedor produtos de maior qualidade, ou dar treinamento para equipe, uma capacitação priorizando o atendimento”.