COMPRAS

Comércio virtual registra adesão de 20% dos consumidores no Mato Grosso do Sul

A adesão dos consumidores sul-mato-grossenses ao comércio virtual ocorre devido a praticidade em meio à pandemia, promoções e variedade de produtos

Bianca Tobin, Nathália Alcantara e Taís Wölfert11/05/2021 - 19h20
Compartilhe:

A população do estado aderiu as compras virtuais durante a pandemia para evitar sair de casa e o conter o avanço da Covid-19. Pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/MS) aponta que 20% dos consumidores do estado optam por realizar compras em meios virtuais em decorrência da pandemia em Mato Grosso do Sul. A pesquisa indica que 13% dos empresários do estado consideram o comércio virtual um dos mecanismos para retomada das vendas e 95% dos comércios pretendem manter como estratégia de venda no pós pandemia. 

A pesquisa realizada pelo Sebrae/MS em parceria com o Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento da Fecomércio-MS (IPF/MS), Sindivarejo Campo Grande, Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande (CDL Campo Grande) e Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Mato Grosso do Sul (FCDL), constatou que aproximadamente 31% dos habitantes do estado passaram a comprar mais pela internet. A pesquisa aponta que 79% dos empresários alteraram os métodos de comercialização para vendas por redes sociais (38%), utilização ou intensificação do uso de plataformas online de comercialização (29%) e atendimento em domicílio/a distância (11%).

Luary Emmanuely produz suas peças em casaAs peças da "A Lojinha da Lu" são produzidas em casa (Foto: Luary Emmanuely)

A vendedora Luary Emmanuely é proprietária da loja online criada antes da pandemia na rede social Instagram e pela plataforma de vendas Shopee, chamada “A lojinha da Lu”, onde comercializa seus artesanatos para decoração e confecções. Ela afirma que ampliou seu nicho de produtos como estratégia de vendas no início da pandemia devido à redução nas vendas. “E aí entram as outras coisinhas que eu vendo, como chaveiros e acessórios de cabelo, são lembrancinhas, e tem uma saída maior desde que começou a pandemia”.

Para Luary Emmanuely as vendas de alguns produtos aumentaram durante a pandemia. “Eu comecei a incluir outros produtos, lembrancinhas, que saem bem. Teve produtos que só caíram na minha venda e não sai mais, porém tem produtos que sempre as pessoas estão pedindo, e a saída nunca para”. 

Segundo a pesquisa realizada pelo Sebrae, 15% da população de Mato Grosso do Sul mudou de área profissional durante a pandemia e o setor de vendas a distância, serviços de entrega, limpeza e vendas em geral obtiveram destaque. A estudante do curso de Administração da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Veridiana Rocha inaugurou sua loja virtual “Lou Store” no dia 21 de abril, onde vende roupas na rede social Instagram. Veridiana Rocha teve a iniciativa de empreender logo depois de perder o emprego após redução de funcionários na empresa em que trabalhava. “A Lou surgiu e tomou força comigo, depois de eu ter assinado minha carta de rescisão. Com a demissão me encontrei perdida, e depois de planejar e lembrar do sonho que tinha, decidi investir em uma loja online, decidi investir na Lou”. 

O auxiliar administrativo Juliano Barreto faz compras online desde antes da pandemia e costuma comprar peças de computador, aparelhos eletrônicos, livros e roupas. “A diferença de preço é o motivo principal. Tenho muito costume de comprar produtos eletrônicos, fazer pesquisa, peças de computador e tudo mais. O que eu sinto é que numa loja física em Campo Grande é que além de não encontrar a peça que você quer, um produto que você compra na internet, por exemplo, a cem reais, os vendedores daqui querem vender a 400”. 

A estudante do curso de Ciências Sociais da UFMS, Caroline Torres relata que seu número de compras online aumentou no início da pandemia. “No começo da pandemia eu gastei mais, porque eu ficava entediada e acabava gastando mais sem perceber, mas agora não, tá controlado. O isolamento fez bastante diferença, influenciou bastante nas minhas compras, porque eu ficava ansiosa e aí eu gastava, falava eu mereço isso, to aqui sofrendo então eu mereço isso, to aqui sozinha. Também tem a ansiedade e a solidão e aí eu ia comprando porque achava que merecia”. 

Barreto afirma que optou por diminuir suas compras por comércios virtuais após a pandemia. "Eu diminuí as compras, após ver a situação econômica do país complicando as importações por questões do dólar. Tudo ficou exorbitantemente mais caro, por exemplo um notebook de 2018 que paguei cinco mil, ao invés de ser desvalorizado vi gente pagar mais de 6.500, por questões como dólar estar valorizado a mais de 40% em comparação com início de 2020”.

Caroline Torres afirma que prefere comprar online. “Gosto de comprar online porque fico muito ansiosa nas lojas e geralmente quando eu tô online eu consigo controlar melhor o que eu quero. Vou lá antes de fechar o carrinho e vejo o que eu quero, se eu vou numa loja além de ficar ansiosa acabo comprando coisas que eu não preciso”.

A economista do IPF-MS, Daniela Teixeira relata que houve aumento das vendas e compras virtuais na pandemia. "Praticamente dobrou em relação a períodos anteriores à pandemia. Devido a questão relacionada à alteração de comportamento em que as pessoas tiveram que ficar por mais tempo em casa, consequentemente tiveram demandas diferenciadas. Nós temos destaques a setores, como os eletrônicos, computadores, cadeiras de escritório, mesas, tudo que possa facilitar de certa forma o trabalho a distância e até mesmo em termos de educação, escola, faculdade, cursos de curta duração. Mas também tivemos demandas específicas em menor percentual como roupas e calçados, decoração, parte de produtos eróticos também foi um destaque”. 

Daniela Teixeira conclui que a pandemia intensificou as compras e vendas online. “Já vínhamos com alguns aumentos pontuais das vendas online, então as pessoas estavam aderindo essa modalidade, devido a praticidade, comodidade, correria do dia a dia, fazendo com que fosse uma possibilidade um pouco mais interessante. Fora a questão de promoções, onde conseguem aproveitar algumas promoções. Existia uma crescente, de um ano para o outro sempre estava dobrando, então apesar do percentual antes ser pequeno, menor que 10%, todos os anos ele estava dobrando e com a pandemia trouxe, digamos, um ápice devido a essa questão de necessidade e de adaptação tanto do consumidor quanto também do empresário a esse novo cenário”.

Compartilhe:

Deixe seu Comentário

Leia Também