ECONOMIA

Número de famílias endividadas aumenta no terceiro trimestre em Campo Grande

Faturas de cartões de crédito e carnês são as principais causas do aumento do endividamento das famílias

Ethieny Karen e Mariana Alvernaz26/08/2018 - 13h49
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Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) mostra que o número de famílias endividadas em Campo Grande aumentou em 6,4% no último mês. Enquanto em junho haviam 163.783 famílias endividadas, em julho foram contabilizadas 174.271. Os dados foram divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e mostram um aumento de 3,19% no número de famílias com contas em atraso e de 8,41% que se consideraram inadimplentes. Foram entrevistadas aproximadamente 500 pessoas em Campo Grande e a margem de erro da pesquisa é de 3,5%. 

Elaborado por Ethieny Karen/Dados: Fecomércio MS

Elaborado por Ethieny Karen Fonte: Fecomércio MS

Dos 56,9% de famílias endividadas em Campo Grande, 13,3% se consideram muito endividadas, 22,5% mais ou menos endividadas e 21,1% pouco endividadas. O comprometimento médio da renda é de 27,2%.

A pesquisa mostra que o principal responsável é o cartão de crédito, causa das dívidas de 60,9% das famílias entrevistadas. Os carnês aparecem em segundo lugar, com 26,9%, seguido dos financiamentos de casas, com 12,8% e de carros, com 6,6%.

 

De acordo com a economista da Federação do Comércio do Estado do Mato Grosso do Sul (Fecomércio-MS), Daniela Dias o cartão de crédito continuará como principal causa do endividamento. “É porque ele é muito utilizado e a tendência para esse segundo semestre, até mesmo para as datas comemorativas, como Dia das Crianças e Natal, é que ele seja mais usado ainda, porque no Dia dos Pais nós verificamos um aumento em torno de 10% na utilização do cartão de crédito e também do parcelado”.

 

 

A funcionária pública estadual Karen Ratier faz parte do grupo de pessoas endividadas. Ela e o marido financiam além de uma casa, um carro e têm dívidas no cartão de crédito e parcelas de um empréstimo consignado. A soma das despesas passa dos cinco mil reais e a família chegou a almoçar na casa dos sogros para diminuir os gastos mensais.

 

Karen Ratier afirma que as despesas cresceram e foi preciso fazer um empréstimo consignado para pagar as contas. “Os consignados pegamos para mobiliar nossa casa e consertar o carro. Outros tivemos que pegar quando meu marido ficou desempregado por longo período, devido a um processo de assédio moral, o estado passou a não pagar meu salário. Não dava para quitar nossas contas básicas do mês, então tivemos que recorrer três consignados seguidos”. O casal tem dois filhos e por um longo período o marido de Karen ficou desempregado e ela afastada de seu emprego.

 

O empresário Caique Martins endividou-se devido a um trabalho terceirizado que contratou para reforma de uma casa. “Vários serviços mal-feitos e abandono de obra do pedreiro. Além disso, o vidraceiro não entregou a porta que paguei à vista e estou no meio de um processo contra ele”. Martins ainda afirma que fez vários empréstimos para pagar essas dívidas.

 

A economista da Fecomércio-MS, Daniela Dias destaca que um dos principais motivos do aumento do endividamento foi a greve dos caminhoneiros e a alta taxa de desemprego que impactaram sobre o preço dos produtos, no poder de compra das pessoas e no poder de quitar as dívidas. “Tivemos uma alteração do comportamento do consumidor naquele período, as pessoas passaram a fazer mais estoque, então consequentemente o fluxo de pessoas aumentou para produtos específicos, principalmente para parte de alimentação, e alguns preços subiram em função da alteração do comportamento do consumidor”.

 

Segundo Daniela Dias, o desemprego também é uma das causas do endividamento. "Se existem pessoas que ainda estão sendo demitidas, logicamente existirá pessoas que estão sem renda. Sem renda as pessoas não conseguem quitar as suas contas”.

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